segunda-feira, junho 04, 2007
Nacionalistas contra o G8
A esquerda anti-globalização não é a única a mobilizar-se contra a cimeira de 6 a 8 de Junho em Heiligendamm.
Oposição à globalização, hostilidade perante a potência americana, defesa de zonas protegidas para o emprego e a produção nacional: as manifestações contra a cimeira do G8 (de 6 a 8 de Junho em Heiligendamm, no nordeste da Alemanha) são uma pechincha para a extrema-direita alemã. Os “socialistas nacionais”, assim se fazem chamar depois de muitos anos, pretendem tirar proveito e não apenas mostrar o seu compromisso nacional, social e local.
O seu objectivo é apresentarem-se também como um movimento contestário moderno, não muito afastado da esquerda. Desde há várias semanas, lançam na Internet apelos à manifestação que se assemelham extremamente aos que se encontram nos sítios de militantes de esquerda. Optaram por um logotipo neutro, “Gib8″ (jogo de palavras construído sobre G8 e o imperativo do verbo achtgeben, equivalente a: “toma atenção”), acompanhado da palavra de ordem: “antes social que mundial”. (…). As t-shirts “para raparigas” e os casacos com capuche para os rapazes - todos com o logo “Gib8″ - não são muito diferentes do guarda-roupa do militante de extrema esquerda. A bandeirola que mostra um mapa da Europa com uma Alemanha que “não está à venda” poderia igualmente servir numa manifestação contra os “gafanhotos” da economia (alusão à crítica dos fundos de investimento emitida por Franz Müntefering, actual ministro do Trabalho do governo social-democrata de Merkel).
Os militantes de extrema-direita, depois de muito tempo, têm trocado as botas pelo keffieh palestiniano. O seu “visual negro” assemelha-se estranhamente ao dos militantes antifascistas. É “uma táctica de mimetismo”, explica Claudia Schmid, chefe das informações gerais em Berlim. “A extrema-direita teve êxito a atrair os jovens. “A embalagem é ao mesmo tempo mais moderna e mais bonita. Ficaram mais maliciosos.”
Mas, para os estrategas do NPD, as manifestações anti-G8 servem igualmente outro objectivo. Querem preparar os seus membros para as próximas eleições, à escala do país, confia Jens Pühse, chefe da organização do partido ao plano nacional. O produtor dos CD de extrema-direita especialista em marketing e publicidade. “O partido deve pôr-se em condições para fazer campanha à escala do país sobre temas que interessam a todos os Alemães.” Aquilo melhorará claramente o nosso impacto político, explica. “A extrema-direita já efectuou duas sessões de treino.”
As manifestações anti-G8 serão um teste importante para o NPD. No próximo sábado [dia 2 de Junho], um batalhão de militantes extremistas partirá do lago de Constância em direcção a Schwerin, sobre o mar Báltico*. Os organizadores esperam 1.500 participantes, mas a polícia e as informações gerais crêem que não serão tão numerosos. Os militantes de esquerda vão desde já fazer uma dura concorrência. Porque, onde eles não fazem mais que perguntas, a extrema direita dá respostas. Ainda que sejam respostas simplistas. O NPD quer o regresso ao Estado-nação, quer fechar novamente as fronteiras, restabelecer as barreiras alfandegárias para limitar as trocas internacionais. E, naturalmente, “reconduzir” os estrangeiros ao seu país de origem.
Uma coisa é certa: a extrema-direita não pode deixar marcar pontos sobre temas da actualidade, como atesta o seu sucesso eleitoral na Saxónia, onde tomaram a cabeça da oposição às leis Hartz IV (sobre a reforma do mercado de trabalho).
*Entretanto - e mesmo estando a manifestação aprovada há largos meses - o evento foi proibido pelas autoridades, devido à alegada da falta de efectivos para escoltar os manifestantes.
FONTE
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