É na chamada poluição fina e micro-poluição que reside a explicação para as posições que tem tomado, tudo o «que envolve substâncias que não se vêem nem matam, mas atingem várias partes do nosso corpo». Massano Cardoso foi um dos conferencistas convidado pela Universidade Aberta, para falar de “Gestão Ambiental e co-incineração”, uma oportunidade para o professor da Faculdade de Medicina explicar «que há uma razão de ser» para as posições que tem tomado quando se pronuncia sobre co-incineração. «Há razões que justificam essa posição e que podem tirar dúvidas a quem ainda as tem», explicou.
A justificação está na relação entre “Ambiente e Patologia Humana”. É aqui que entra a «agressão natural – que está no próprio ambiente – mas também as agressões que estão no ambiente e que foram criadas pelo próprio homem». Massano Cardoso lembrou que «a poluição atmosférica não é de hoje, porque já na Roma Antiga existia um teor elevado de chumbo no ar, tal como o smog londrino não nasceu com a Revolução Industrial, sendo uma situação com mais de oito séculos».
Terá sido o mundo químico moderno que aumentou a agressividade e, quarenta anos depois de se ter sintetizado o primeiro corante sintético, logo apareceram os primeiros cancros de bexiga. Hoje, os alertas sobre esta mesma poluição ambiental pode estar no facto de «os sapos e rãs, os animais mais sensíveis a estes produtos químicos estarem a desaparecer aos montes», mas não só, «o cancro testicular era muito raro, mas nos últimos 30 anos, aumentou quatro a seis vezes em países como a Alemanha, Dinamarca ou Reino Unido».
A velocidade a que se criam novos produtos químicos também não é a mesma, «estão a ser registados 70 novos produtos por hora e, na maior parte deles, não se conhece os seus efeitos», mesmo aqueles que se sabe um pouco mais e até estão proibidos pela valor de toxicidade, ainda podem ser detectados, exemplificando com o DDT, «proibido em Portugal desde 1974, contudo se fizermos uma pesquisa ao leite materno ainda são encontrados vestígios».
Mutilação do ADN
Massano Cardoso explicou ainda que «no meio de todas estas alterações estão também as crianças, são elas as mais vulneráveis e há estudos que provam que, em pais sujeitos a agressões por substâncias tóxicas, os efeitos permanecem e passam para os filhos, apesar de não terem sofrido a agressão directamente». Tudo por culpa de «uma mutilação do ADN, o que é um dos aspectos mais importantes».
Massano Cardoso chamou a atenção para «a responsabilidade futura que todos temos e se é importante defender a saúde de quem pode ser agredido, podemos acrescentar que também é para defender a saúde daqueles que hão-de nascer». Isto porque, segundo o docente da Faculdade de Medicina, «as crianças já nascem poluídas, é um atentado e uma violência, mas há estudos que provam que no cordão umbilical é possível detectar a existência de 287 substâncias químicas industriais de poluição. Destas, 180 podem causar cancro, 217 são tóxicas e 208 são causa de defeitos congénitos. O que andamos a fazer?», questionou.
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