quinta-feira, junho 03, 2010

4 de Junho de 2010 --21º Aniversário do massacre de Tiananmen


Nos primeiros meses de 1989 os estudantes universitários de Pequim começaram a mostrar a sua insatisfação perante a corrupção dos responsáveis chineses, exigindo reformas políticas e económicas. As suas revindicações suscitaram um apoio público crescente e a pouco e pouco começaram a ter lugar manifestações por toda a China. Depressa o movimento alastrou a todo o País. As autoridades não conseguiram deter este movimento e as tensões foram aumentando, principalmente em Pequim, até que em 20 de Maio foi imposta a lei marcial.

Na noite de 3 de Junho tropas fortemente armadas e centenas de tanques de guerra puseram-se em movimento em Pequim, para “limpar” os manifestantes pró-democracia. Muitos civis desarmados, incluindo crianças e idosos, foram mortos por disparos das tropas. Alguns eram meros curiosos que se encontravam nas ruas de acesso à Praça de Tiananmen, onde se concentravam os manifestantes. No dia 4 de Junho as tropas acabaram por controlar Pequim.

Num relatório oficial divulgado no fim de Junho de 1989, as autoridades chinesas reconheciam que mais de 3.000 civis tinham sido feridos e que mais de 200, incluindo 36 estudantes, tinham morrido. Embora os números exactos sejam desconhecidos, há inúmeros indícios de que os dados oficiais são demasiado baixos.

Imediatamente após a repressão militar começou uma caça a todos aqueles que pudessem ter estado envolvidos nas manifestações. Muitos civis foram detidos, torturados e enviados para prisões após julgamentos injustos, sob a acusação de delitos “contra-revolucionários”. As famílias foram perseguidas ocultando que familiares seus tinham sido mortos ou estavam presos na sequência das manifestações pró-democracia. Embora
já sejam toleradas as expressões de luto por parte das Mães de Tiananmen, dezenas de pessoas continuam detidas desde essa ocasião e muitos estão exilados. Todos os anos várias pessoas são detidas ou enviadas para Campos de Reeducação pelo Trabalho (detenção administrativa, sem julgamento) por tentarem assinalar publicamente o acontecimento. Um jornalista, Shi Tao, cumpre uma pena de 10 anos de prisão por ter enviado para os EUA, através da Yahoo, um resumo dum comunicado do Departamento Central de Propaganda da China com directivas sobre o modo como os jornalistas deveriam abordar o 15º aniversário da repressão na praça de Tiananmen. A Yahoo facultou a conta de utilizador ao Governo Chinês, o que constituiu uma das peças fundamentais da sua condenação em tribunal.

O activista dos direitos humanos, Tan Zuoren, foi condenado a 5 anos de prisão, em 9 de Fevereiro de 2010 por ter criticado, através de artigos colocados “on line”, a forma como o Partido Comunista da China e o Governo têm tratado os problemas relacionados com a repressão na Praça de Tiananmen em 1989.
2- Acção em Lisboa no dia 4 de Junho de 2010
O Governo Chinês tem-se recusado a levar a cabo um inquérito aberto, independente e imparcial aos acontecimentos dos dias 3-4 de Junho, apesar dos apelos dos governos estrangeiros. Mas é necessário que a justiça acabe por prevalecer e que as vítimas e suas famílias não sejam esquecidas. Nesse sentido a Amnistia Internacional - Secção Portuguesa - promove uma manifestação em Lisboa, no próximo dia 4 de Junho, 6ª feira, com início às 18horas, no Largo do Chiado, em frente à saída da estação do metropolitano Baixa-Chiado.

Pretende-se alertar o público em geral e a Embaixada da China em Portugal para a necessidade de fazer justiça às vítimas do 4 de Junho de 1989 e para que acabem as perseguições a todos aqueles que têm tentado lembrá-las, dentro da China. Também se pretende fazer uma homenagem às Mães de Tiananmen, cujos filhos foram mortos durante aqueles acontecimentos e que durante anos e anos tiveram de esconder a sua dor.

Será distribuída informação, colhidas assinaturas num abaixo - assinado e exibidos cartazes com fotos de vítimas. Junto a algumas das fotos haverá um ramo de
6 rosas brancas e 4 vermelhas. Estas flores são o símbolo das Mães de Tiananmen. As rosas brancas representam a pureza do coração dos mortos em Tiananmen e as vermelhas a sua paixão.

AI-Portugal, 2 de Junho de 2010

Para mais informações contactar Maria Teresa Nogueira, Telem: 91 952 1266.

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