quarta-feira, junho 28, 2006

Infocultura



Ponto prévio: não gosto de José Sócrates. Não gosto do seu estilo de homem providencial, não gosto da sua arrogância que roça (ou ultrapassa?) as fronteiras da indelicadeza. Está dito e fica gravado, para que ninguém tenha dúvidas.

E também não gosto - porque não entendo o alcance - de algumas das medidas que o Governo tem anunciado e Sócrates tem reivindicado, no âmbito dessa ânsia de nos colocar no pelotão da frente dos infocultos. Pergunto-me para que serve o ViaCTT, esse serviço que dá a cada um dos 10 milhões de portugueses um endereço electrónico no balcão dos correios mais próximo. Se calhar não serve para muito - para já. Ou será que tem toda a utilidade e que o problema reside em mim, na minha incapacidade para vislumbrar para além do óbvio?

Confesso que só coloco a questão depois de ter tomado conhecimento, hoje, da mais recente iniciativa "socrática" no âmbito da Internet: o portal net-emprego. A Internet já cá anda há muitos anos, mas nunca nenhum governo tinha pensado (ou, se tinha, ficou-se por aí e de intenções está o inferno cheio) em colocar desempregados e empregadores em contacto, num espaço de fácil acesso de todos. E não me venham falar dos Centros de Emprego. O meu aplauso para o net-emprego ganha outro entusiasmo à luz de uma conversa recente com um amigo empresário. Grandes superfícies à parte, é o maior empregador do seu concelho. Tem porta aberta há mais de 10 anos. Já criou três dezenas de postos de trabalho - mas nunca foi contactado pelo Centro de Emprego da zona. Agora, já não precisa - basta-lhe ir à net.

Paulo Camacho

Não sei qual a posição politica do Paulo Camacho, provavelmente até estaremos em trincheiras opostas, mas que o jornalista de vez em conta dá umas ferroada no sistema não tenho duvidas.

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