O problema já é antigo. Tão antigo que os agricultores da margem esquerda do Mondego começam, finalmente, a perder a paciência. A falta de água numa zona do Rio Mondego, entre o Açude-Ponte e Pereira do Campo levou ontem à rua, mais precisamente ao Porto de Taveiro, cerca de uma centena de agricultores e proprietários, acompanhados das respectivas máquinas.
A situação já se arrasta há quase 30 anos (desde 1977), quando se iniciaram as obras no leito central do Mondego. Na altura, foi garantido aos agricultores água para a agricultura. No entanto, no início de 2006 o Instituto Nacional da Água (INAG) deixou de alimentar o canal de rega paralelo ao Mondego. Com esta situação, mais de mil proprietários têm as suas colheitas em risco.
Um dos agricultores explicava ontem que a limpeza do canal já deveria ter sido feita em Fevereiro, o que não aconteceu. Caso esses trabalhos não sejam desenvolvidos até meados deste mês, toda a produção de arroz, maioritária na zona, poderá ficar irremediavelmente atrasada. “Vamos começar a semear o arroz sem água?”, perguntava.
A “gota de água”, que desencadeou uma série de reuniões e protestos dos agricultores, foi a decisão, “unilateral”, do INAG de passar os trabalhos de limpeza para a Associação de Beneficiários das Obras do Mondego, que apresentou aos agricultores as facturas desses serviços. Os agricultores recusam-se a pagar. Desde então já enviaram uma exposição ao governador civil de Coimbra, assinada pelos presidentes das juntas de freguesia de S. Martinho do Bispo, Ribeira de Frades, Taveiro, Ameal, Arzila e Pereira do Campo e um abaixo-assinado, com centenas de assinaturas, também seguiu para as entidades competentes.
Como os pedidos não tiveram ainda resposta positiva, os agricultores consideram que se está “a esgotar a via do diálogo”, e alertam que a falta de água deixa mais de um milhar de pessoas em vias de não poder fazer agricultura. Sem adiantar quais as formas de luta que irão ser desenvolvidas, os agricultores garantiram que vão ser tomadas medidas para que o país não deixe estas pessoas morrer à fome.
Os proprietários sentem-se prejudicados em relação aos seus homónimos da margem direita: não podemos aceitar que haja dualidade de critérios dentro do Mondego.
Os agricultores entregaram aos deputados da Comissão Parlamentar do Poder Local, Ambiente e Ordenamento do território e da subcomissão de Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas, que estão em visita à margem esquerda do Mondego e a outros locais adjacentes à obra de regadio do vale, na margem direita, um documento reivindicativo. “Se no prazo de oito dias não for apresentada uma solução os agricultores vão tomar as medidas que entenderem mais correctas, que podem passar por bloqueios
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