sexta-feira, março 30, 2007
Acca Larentia: todos contra
A 7 de janeiro de 1978, às seis da tarde prepara-se uma distribuição de propaganda da secção do M.S.I (Movimento Sociale Italiano) – FdG (Fronte della Gioventú) da via Acca Larentia, no bairro Appio Tuscolano. É uma secção de fronteira que faz uma acção politica com uma forte componente social num bairro populoso e popular. Estamos em plenos “Anos de Chumbo” e as escaramuças com os “compagni” estão na ordem do dia, mas apesar de tudo aparece um grupo considerável de jovens militantes. Às seis e vinte, saem da porta blindada os militantes Franco Bigonzetti, Francesco Ciavatta e Vincenzo Segneri. O fogo cruzado de cinco ou seis pessoas equipadas com armas automáticas mata Franco Bigonzetti. Segneri, apesar de ferido a um braço, reentra e fecha às suas costas a porta blindada. Francesco Ciavatta, ferido, procura abrigo na escadaria que fecha a rua. Seguem-no e disparam outra vez, de perto. Agoniza por uns 20 minutos no frio escuro de Janeiro e não chegará vivo ao hospital. A notícia espalha-se, chegam todos os jovens militantes, chegam também os jornalistas que começam a fazer perguntas e chega por fim a Polícia. Alguém, dizem, apaga com malvadez o cigarro no sangue. Os rapazes, já desesperados, carregam. Carregam também os Carabinieri, que disparam gás lacrimogéne, tudo isto em poucos metros de estrada. O capitão dos Carabinieri Sivori aponta a sua beretta e preme o gatilho. A arma encrava. Pede emprestada uma outra pistola de um subalterno e dispara a altura de homem. Atinge na nuca Stefano Recchioni, de vinte anos, guitarrista dos Janus, militante da secção da Fdg de Colle Oppio, que morrerá a 9 de janeiro de 1978. A sensação de ter todos contra, de não poder chegar a pactos com ninguém, que seguirá a chacina dos três jovens, marca a direita radical.
Os “Nuclei Armati per il Contropotere Territoriale” (Núcleos Armados para o Contrapoder Territorial) reivindicam o atentado, mas não passam de uma das tantas siglas fantasmas do terrorismo de esquerda. O Capitão Sivori vai de férias por ordem de Cossiga, na altura ministro do interior. Depois de Acca Larentia, muitos escolherão conscientemente consumar inúteis e trágicas vinganças. Por sua vez, a cada 7 de Janeiro na rua Acca Larentia, a direita radical e não conforme recorda os seus mortos com o ritual do “PRESENTE”.
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