A corrupção está a alastrar em Portugal e atinge cada vez mais o mundo da Política. O alerta é do director do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Coimbra, Euclides Simões. O responsável vai mais longe e afirma mesmo que a corrupção no sistema político já atingiu níveis insuportáveis para um regime democrático.
Para o magistrado, «boa parte da economia portuguesa fluí no mercado paralelo». O director do DIAP de Coimbra acrescenta que a corrupção, não sendo um fenómeno novo, «em Portugal, progride e intercepta cada vez mais níveis da Administração e do aparelho de Estado».
A ligação entre corrupção e Política foi a tónica de um discurso feito em Braga, perante alunos de Direito, em que Euclides Simões deixou o alerta: «emanam, do sistema político, alarmantes sinais de disseminação da corrupção a níveis já insuportáveis para o regime democrático». O procurador afirma que, por isso, são necessárias leis mais efectivas e mais meios ao dispor dos órgãos de investigação.
Euclides Simões manifestou-se contra que, no caso de políticos e titulares de cargos públicos acusados de corrupção, as penas de prisão até aos três anos possam ser substituídas pela suspensão de funções. É essa, de forma alargada, uma das propostas que está a ser estudada pelo Ministério da Justiça no âmbito da reforma do sistema penal.
Nos últimos quatro anos, Portugal baixou duas posições no ranking mundial da transparência e percepção da corrupção. Uma alteração que não mexeu no essencial do problema: em matéria de corrupção, Portugal está entre os piores países da União Europeia.
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