Não vou aqui aproveitar para apoiar ou "não apoiar" quem quer que seja. Os setubalenses já fizeram ouvir a sua voz, em protesto contra a adopção de tal procedimento, utilizaram argumentos técnicos, muito técnicos, refutaram "inverdades", mas, parece que o "bicho" avança, poderoso e imparável.
À guisa de alerta apenas, e nestas poucas palavras, manifesto a minha preocupação mesmo no “antes co-incineração”.
Nós, que sempre demonstrámos a nossa preocupação pelo facto de o concelho, e a cidade propriamente, ser atravessado diariamente por centenas de camiões carregando sabe-se lá que tipos de matérias perigosas, aos quais a Câmara impediu já a circulação na malha urbana, na tentativa de minimizar as consequências de um eventual acidente, vemo-nos agora na contingência de virmos a ser confrontados com uma nova ameaça, embora velada.
Pois, que esses resíduos perigosos que tanta discussão têm dado, terão que, antes de ser queimados, ser transportados do seu ponto de origem até ao coração do nosso Parque Natural, onde se situa a eleita solução ideal. Desconheço, contudo, como é que se vai processar esse transporte.
Será por via rodoviária, aumentando exponencialmente os riscos inerentes e já bastante significativos? Será, por via marítima, levando-nos a equacionar a hipótese de um eventual derrame ou fuga, junto à nossa orla marítima, que tanto se quer preservar, impedindo inclusivamente os pescadores de livremente exercerem a sua faina? Como é que se actua perante um sinistro com matérias que desconhecemos e cujos efeitos, decerto perniciosos para a saúde desconhecemos?
Dá que pensar, não dá?
por José Picoto
(Comandante do Corpo de Bombeiros da Associação dos Bombeiros Voluntários de Setúbal)
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