segunda-feira, julho 31, 2006

Pombal – Cavaco diz que não é com milagres que o país avança

Presente nas cerimónias das Festas do Bodo, que decorrem até hoje, o chefe de Estado apelou “às nossas próprias forças” para tornar Portugal competitivo.
Cavaco Silva evocou a lenda de N.ª Sr.ª de Jerusalém, que está na origem das Festas do Bodo de Pombal, para dizer que actualmente, em Portugal, “não podemos esperar um novo milagre do Bodo”, considerando que “os desafios que enfrentamos têm de ser ultrapassados com as nossas próprias forças”.
Nem vai lá com Cavacos, Sócrates e outros políticos do sistema.
Os regimes partidocráticos só conseguiram perdurar, na medida em que o mecanismo foi falseado, isto é, em que artifícios escondidos asseguravam o funcionamento. No momento em que a partidocracia é real e sinceramente consequente com os seus princípios, corre para a anarquia. Esta última hipótese é sustentada pelos neomarxistas que reclamam em altos gritos uma «democracia» total, isto é, a perfeita anarquia de que contam ser os únicos senhores.
Uma longa prática do partidocratismo conduz ao desgaste de uma nação. O partidocratismo baseia todo o seu estilo apenas na astúcia, e esta é inoperante se não se apoiar na força.
O partidocratismo ignorou os ensinamentos da História, e a sua febril agitação conduziu-o a perder contacto com as realidades. Em virtude de desenvolver, hipertrofiar as suas qualidades de astúcia, de negociação, e de associar estas práticas a crenças falsamente humanitárias, debilita-se e corre para a sua própria perda.
O uso prolongado deste sistema conduz a uma selecção falsa. As elites deste sistema têm eminentes qualidades de velhacaria mas, por não conservarem as da virilidade, de nada servem. O sistema torna-se um fim em si próprio, a função apaga a missão.
O partidocratismo na fase à qual assistimos neste momento, está fora da nação. É a guarda pretoriana dos partidos.
As qualidades exigidas para a profissão de politiqueiro partidocrático — e, como tal, as exigidas para o recrutamento de equipas de renovação — constituem as próprias condições da morte do sistema. Todo o jogo político do sistema é uma competição de demagogia. A longo prazo este estilo de combate deve levar todos os que o praticam à exclusão de toda a forma de luta. A selecção final saída desta competição é tóxica.
O partidocratismo teve um segundo sopro de vida quando aceitou no seu jogo o comunismo e quando pensou poder vencê-lo pelo desgaste, pelo cansaço, pela manha, pela corrupção. Este foi corrompido pelas delícias da vida, como o socialismo o foi pela vida burguesa. Mas o parlamentarismo quis limitar-se a opor a astúcia ao marxismo, que associa esta à força, daí o seu ressurgimento sob novas fórmulas.
Nenhuma reforma do partidocratismo é possível, está condenado a desaparecer por causa das suas práticas de falsa selecção. Hoje, na Europa, os homens que reúnem as qualidades da força e da inteligência, quer dizer, as da virtude no sentido tradicional do termo estão fora da classe dirigente, o que é sinal de próximas alterações.

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