segunda-feira, maio 21, 2007
Desemprego, o maior em 20 anos!
O INE publicou recentemente números assustadores. Contrariando o optimismo falseado dos centros de emprego, cifra em 8,4% o desemprego em Portugal para o primeiro trimestre deste ano.
A 470 mil desempregados “oficiais” juntam-se 108 mil que o INE classifica como indivíduos “inactivos desencorajados e disponíveis para trabalhar”. Resultado, um desemprego que ultrapassa os 10% reais.
A destruição do emprego, com cortes na função pública que ainda estão em fase seminal, e uma vaga de reformas antecipadas em que os funcionários não são substituídos, somam só por si menos 35 mil empregos, isto num só ano.
Por outro lado está longe de acabar o que o grande capital chama eufemisticamente a “reestruturação” da economia, principalmente no sector secundário, ou seja essencialmente fabril, nos sectores do têxtil, vestuário e calçado. Este tipo de mão-de-obra, de baixas qualificações, essencialmente composto por mulheres, com especial destaque para jovens operárias e também por muita gente acima dos 35 anos vai engrossar o desemprego de longa duração.
No Pais cerca de 70% dos trabalhadores possuem apenas o antigo 9º ano. Daí advêm o maior contingente de desempregados 72%. Mas a situação dos licenciados não é mais brilhante. Cerca de 60 mil estão no desemprego. Este trimestre estão à cabeça da subida do desemprego, com mais 32% de licenciados a não conseguirem arranjar emprego ou a perderem o que tinham.
Para tudo isto o capital possui sábias soluções: Quanto aos desempregados de longa duração, afirma que mesmo que o investimento, essencialmente para exportação suba, tal não significa a recuperação do emprego para estes, essencialmente por não serem qualificados, citam também a concorrência de mercados emergentes como a China e a Índia. Lavam as mãos como Pilatos, quando sabem perfeitamente que foram eles mesmo que começaram as deslocalizações.
No que diz respeito aos licenciados queixam-se da falta de formação em ciências, com apenas meros 15% de licenciados, e de excesso em letras, com 30% em direito e ciências sociais e 20% em educação. E não são estes cursos, com fraquíssima saída profissional que as empresas tecnológicas e de prestação de serviços em geral querem. Logo desemprego, desta vez por excesso de qualificações “erradas”. Solene encolher de ombros, “é a lógica de mercado” parecem querer dizer.
Pergunta-se, quem é que, numa parceria entre grande capital e partidos de governo, sugou este Pais até à medula? Não foi a classe política e o patronato?
Durante anos a fio menosprezaram-se os cursos técnicos, moveu-se uma verdadeira guerra de interesses contra os cursos médios e abriram-se várias faculdades privadas, muitas delas sem qualidade, cujo único fim era venderem ilusões de ascensão social à classe média. Cursos públicos e privados sem qualquer tipo de mercado eram e são às dezenas. Recusou-se muitas vezes a especialização na indústria ligeira porque as toupeiras patronais temiam que isso leva-se a uma subida reivindicativa dos salários. A tentação do lucro fácil e imediato levou a falências por o material se ter tornado obsoleto e por falta de liquidez quando havia encomendas.
Promoveu-se e ainda se promove o facilitismo escolar, com o lindo resultado de termos uma enorme massa de iletrados funcionais. A responsabilidade de tudo isto pertence ao Já citado duo, que no-la quer fazer pagar, a nós que sofremos a sua actuação, como se a trafulhice, a ganância, a incompetência e o roubo fossem leis naturais da economia e não o seu desvirtuamento.
Há uma cáfila de dromedários com a bossa cada vez mais cheia neste deserto que é o País. Porque meus senhores os camelos, esses somos nós, que lá vamos remoendo pacientemente e aceitando a sua presença e o seu mando.
TERRA IDENTIDADE RESISTÊNCIA
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