O presidente da Câmara de Coimbra não aceita que o Governo se dê por satisfeito com a Avaliação de Impacte Ambiental realizado há oito anos em relação à cimenteira de Souselas. Actuar ao nível dos licenciamentos, proibir o trânsito de mercadorias perigosas na estrada municipal para leva à Cimpor e pôr o Estado em Tribunal são as armas anunciadas contra a co-incineração.
“Postura municipal de trânsito da freguesia de Souselas – Proibição e condicionamentos ao transporte de mercadorias e resíduos perigosos nas vias sob jurisdição municipal” – este ponto da ordem de trabalhos da última reunião do executivo indiciava por si polémica, mas Carlos Encarnação resolveu acender o rastilho logo no início, ao ler uma declaração.
Deste modo, o presidente da autarquia quebrou o silêncio a que se tinha remetido, em relação à comunicação social, e até fez algum humor com a situação ao dizer que devido a um assalto de que foi vítima, numa outra cidade (sublinhou), ficou privado de telefone e de portátil, logo esteve incontactável.
Humor à parte, porque o assunto é sério, o autarca sublinha no documento lido, o interesse privado da Cimpor na co-incineração, que diz querer dedicar-se a uma nova actividade de valorização de resíduos perigosos. Pergunta o edil e responde: “O que quer verdadeiramente a Cimpor? Combustível barato para os seus fornos de produção de cimento. Em todos eles? Não, só em Souselas, Coimbra.”
“A Cimpor sabe que, de entre os resíduos perigosos, que mais lhe interessam, sobressaem os óleos e os solventes. Precisamente alguns dos mais insistentemente procurados também para a reciclagem. De uma penada, a Cimpor consegue combustível barato e aquele que mais lhe convém. Todo o longo historial deste processo conturbado radica nisto. Só existe interesse das cimenteiras na co-incineração porque ela é susceptível de englobar hoje os óleos e os solventes. Sem estes é consabido como seria diminuta a quantidade de combustível, como seria economicamente não apetecível”, sustenta.
Proibir a circulação de resíduos perigosos nas estradas municipais na freguesia de Souselas foi, para já, a medida que a câmara tomou, com os votos contra do PS e a abstenção de Fátima Carvalho. O vereador Álvaro Seco comparou a iniciativa a uma “actividade de pura guerrilha” ao que Carlos Encarnação respondeu: “E não acha a desnecessidade de um novo estudo de impacto ambiental um acto guerrilheiro?”
Vítor Batista dirigiu as críticas ao comandante da Polícia Municipal por ser o autor da Postura Municipal. Chamou-o de “comandante ecológico” e pôs em dúvida a isenção de Manuel Lobão, considerando-o “instrumentalizado”. Encarnação lembrou que a Polícia Municipal depende hierarquicamente do presidente.
FONTE
Sem comentários:
Enviar um comentário