terça-feira, abril 10, 2007

Fora do gueto!


A reflexão que se segue é escrita por um militante NR que entrou na área nacionalista portuguesa no final dos anos 70. É uma análise desabusada e cáustica da actual situação da área (gueto? galinheiro?) em Portugal e, desde já o autor assume a sua quota-parte de responsabilidade no actual estado de coisas.

Os anos 70 e, em menor medida, os anos 80, viram a emergência de uma área nacionalista em Portugal radicalmente diferente daquela que tem vegetado nos últimos 15 anos.

Nos anos 70, marcados pelo combate político mais duro, fruto das mutações drásticas sofridas: 25 de Abril, descolonização, etc., o nacionalismo em Portugal estava vivo e recomendava-se. Malgrado a repressão que se abateu sobre a nossa família política, sobretudo no biénio 74-76 e em 79-80, havia um fervilhar de militância política e cultural. Apareceram o jornal “A Rua”, as primeiras séries das revistas “Futuro Presente” e “3º Milénio”, floresceram as “Edições do Templo”, para além dos mais variados boletins militantes dos quais recordamos os saudosos “Combate” e”Ordem Nova”.

No plano político, apareceram organizações como o MIRN, Ordem Nova, Frente Nacional e o Movimento Nacionalista.

Intensificaram-se as relações internacionais sobretudo com os nacionalistas e NR espanhóis da Fuerza Nueva, Falange e CEDADE.

Nos liceus e algumas faculdades apareciam listas nacionalistas e, nas ruas, no 1º de Dezembro e 10 de Junho, o número dos manifestantes atingia as dezenas de milhares…

Os anos 80 foram marcados pelo aparecimento de um movimento activista, maioritariamente NR, o Movimento de Acção Nacional. Neste movimento (fraternalmente acompanhado pelo saudoso Rodrigo Emílio) procurou congregar-se a formação ideológica com o activismo puro e duro. Conseguiu-se ainda uma boa projecção europeia, ao formar-se uma coordenação NR com os camaradas espanhóis de Tercera Via Solidarista e com os camaradas franceses de Troisiéme Voie, mantendo-se ainda boas relações com o NPD alemão.

As vicissitudes que levaram ao desaparecimento do MAN saem do âmbito deste texto, no entanto poderemos adiantar que estão ligadas à acção deletéria de um personagem do gueto lisboeta cuja influência voltou a notar-se na fase inicial do PNR.

Nos anos 90, por falta de transvaze geracional e, salvo a honrosa excepção de Rodrigo Emílio e poucos mais, devido à falta de enquadramento por parte dos militantes da velha guarda, a qualidade do material humano degradou-se drasticamente.

Para além dos factores já aduzidos no parágrafo anterior, outros podem ser enunciados: culto do folclore, inexistência de um trabalho de formação cultural e ideológica, ausência de estratégias a médio e a longo prazo, a falta de contacto com as áreas nacionalistas europeias (em muitos casos, bem mais evoluídas que a nossa) etc., etc., um longo e penoso etcétera.

Sejamos lúcidos: a área nacionalista portuguesa, confinada, salvo raras excepções, ao gueto lisboeta, não pesa rigorosamente nada em termos políticos, metapolíticos ou sociais. Que não nos venham com a conversa fiada da repressão (que só existiu na década de 70) ou com o argumento dos esmagadores apoios de que os nossos inimigos gozam (existentes, é certo, mas á custa de militância e de inteligência!).

O nosso fracasso deve-se à apatia, à falta de militância esclarecida e devidamente enquadrada!

É necessário que todos os nacionalistas honestos e empenhados cortem as amarras que os prendem ao gueto dito “nacionalista” e, em especial, à sua excrescência mais purulenta: o galinheiro lisboeta…

É preciso cortarmos de vez com os broncos primários que andam nas nossas fileiras porque o PSD e o CDS não falam de imigração. É imperioso afastarmo-nos dos salazarasnos, herdeiros de todas as taras do anterior regime e de nenhum dos seus aspectos positivos. É urgente cortar de vez com hooligans alcoólicos e delinquentes comuns que nos envergonham!

Basta de espectáculos tristes, de verborreias acéfalas, de apatia generalizada. É tempo de reflexão, doutrinação e acção! Todos os dias o regime democrático mafioso decai em putrefacção e a cada momento nos fornece motivos e argumentos para o combater. É de facto deprimente que a “mouvance” nacionalista que deveria ser urna vanguarda de libertação nacional, se tenha reduzido a um reviralho grotesco.

Chegados a este ponto, põe-se a questão crucial: que fazer? Em nossa opinião, varias medidas práticas se impõem urgentemente.

Uma das mais urgentes, para não dizer imperiosas, é a criação de uma escola de quadros. Tal organismo poderia/deveria ser autónomo e exerceria uma acção transversal em todos os sectores da área. Os seus objectivos seriam: a formação ideológica (visão do mundo, alternativas culturais, políticas e económicas) e a formação técnica (agitação e propaganda, luta contra a repressão, etc.) dos militantes.

Outra medida que se nos afigura indispensável é a criação de uma editorial militante especializada em textos teóricos de análise social, política e organizativa à imagem do que se fez e faz na Itália, Alemanha, Inglaterra, Franca e Espanha.

Um domínio que tem sido muito descurado é o das relações com as organizações congéneres europeias (e não só). Dando um exemplo, é pasmoso verificar que as organizações nacionalistas desconhecem a área nacionalista italiana que é precisamente a mais radical, inovadora e combativa de toda a Europa. Os nacionalistas portugueses tudo teriam a aprender com os camaradas italianos.

No aspecto organizacional há também muito a inovar. Verificamos que no seio dos grupúsculos portugueses coexistem varias tendências (des)organizativas: a total ausência de um aparelho organizativo ou, pelo contrario, a existência de um aparelho excessivamente centralizado onde o número de cargos excede o número de militantes, não havendo a preocupado de dotar as secções existentes com alguma autonomia e onde ninguém sabe quem é quem a fazer o quê. Na nossa opinião a estrutura organizativa deve ser fluida, tendo em conta, quanto mais não seja, que vivemos num regime em vias de totalitarização.

Outra faceta que precisamos de reformular (totalmente) é a da nossa mensagem política e quais os sectores sociais que pretendemos atingir. Neste campo o panorama é desolador. A nossa mensagem consiste exclusivamente na luta contra a imigração (e, ao que parece, contra o Islão que, como toda a gente sabe representa um tremendo perigo em Portugal) e nos apelos serôdios à lei e à ordem.

Se a luta contra a imigração deve ser conduzida firme e lucidamente (não é um problema religioso é um problema étnico e social!), os nossos combates não se devem limitar a isso. O que é feito da luta contra a corrupção desenfreada da classe política? E da luta contra a crescente opressão do Estado Capitalista que, progressivamente, vai eliminando as liberdades cidadãs e criminaliza a liberdade de expressão? Qual é a nossa presença no combate contra as políticas neo-liberais dos sucessivos governos fantoches, atentos, veneradores e obrigados dos interesses do grande capital?

Lei e ordem? Reclamá-las-emos quando estivermos no poder! Toda e qualquer actual campanha deste género levará ao aperfeiçoamento e à consensualização do sistema repressivo cujo objectivo não é o combate à criminalidade mas a repressão de toda e qualquer forma de dissidência ou descontentamento popular.

Polícia nossa amiga? Os atrasados mentais lembrar-se-ão de tal no dia em que, devidamente matraqueados e algemados, serão conduzidos ao tribunal mais próximo, sob a acusação de “racismo”, “homofobia”, etc., etc., etc.

É na defesa atenta e vigilante das antigas liberdades portuguesas ameaçadas pelo regime democrático que nós devemos estar presentes! Onde estão os nossos compatriotas espezinhados, roubados e policiados por urna oligarquia mafiosa e antinacional, é aí mesmo que devemos estar! Junto do proletariado urbano, no mundo rural, junto dos pequenos e médios empresários!

Concluindo: para que a área nacionalista sobreviva é preciso liquidarmos o gueto das merdices lisboetas, do culto das “personalidadezinhas” auto-promovidas a chefes… É necessário que cada nacionalista seja um homem de cabeça erguida e cara lavada.

O caminho é difícil e longo, (desiludam-se os adeptos dos fogos fátuos, não há combates de curta duração…) pleno de derrotas e desilusões, parco de vitórias.

Lembremo-nos, porém, que a única luta perdida é aquela que se abandona e que as ilusões perdidas são a semente do futuro!

Pátria e Liberdade!

3 comentários:

Anónimo disse...

Caro camarada, como eu te percebo...
Do exemplo dos camaradas italianos já eu tenho comentado várias vezes – Gente culta e madura que já "descobriram" que se ganha mais a ajudar os nossos do que atacar covardemente os outros (inimigos, adversários, etc.): - Albergues para pobres (Italianos) que funcionam como verdadeiras "sedes" de propaganda e que deixa desconcertados os pulhiticos democratoides do sistema.
E aquelas paradas em silêncio de tochas acesas...até tremem os bandidos e traidores só de pensar que aquelas Tochas já descobriram o verdadeiro caminho e o futuro só fará com que elas se multipliquem!

Honra e Justiça

Legionário

Anónimo disse...

Só falta um serviço de informações...

Thoth

Mário Casa Nova Martins disse...

Muito bem.