quinta-feira, abril 26, 2007
No aniversário da (falta de) Revolução em Portugal
"O direito de nos reunirmos livremente e de nos separarmos livremente é o primeiro e o mais essencial de todos os direitos políticos.” – Mikhail Bakunine
Comemora-se hoje mais um aniversário do golpe de Estado militar de 25 de Abril de 1974, uma resposta tardia de quase meio século ao golpe de Estado militar de 28 de Maio de 1926. Aparentemente os militares portugueses têm jeito para a coisa. Também em 13 de Julho de 1924 houve uma tentativa de golpe, anunciava o jornal “A Época”, mas que não passou de confrontos entre o Exército e a Guarda Nacional Republicana.
Destaco que este golpe falhado e esquecido da História pátria teve origem em movimentações anarco-sindicalistas de tendência fascista, para aqueles que julgam que a linha antagonista, ou de Esquerda Nacional, é algo recente.
Mas voltando ao prato do dia, a dita Revolução de Abril de 1974. Parece-nos que em Portugal não houve grande Revolução, as revoluções fazem-se às mãos de uma minoria tendo como propósito a melhoria do povo e analisando, economicamente, o estado da nossa Nação verificamos que o poder de compra do cidadão normal actualmente é inferior ao de 1974.
É difícil ter-se liberdade quando não se tem pão, ou discordam? Alguns de nós estão convictos de que o estado miserável em que se encontra Portugal talvez passe por um facto que muitos ignoram, ou calam: as elites do Estado Novo que adormeceram a 24 de Abril de 1974 como ilustres da União Nacional adormeceram nas noites posteriores já como militantes dos PS e PSD, o gigantesco partido único que nos tem governado desde então. O seu passado foi enterrado e esquecido, mui convenientemente.
Portanto, uma Revolução em que não se mudam as elites governativas pode ser chamada de muita coisa menos de Revolução, eu diria que se tratou de uma mera intervenção estética. Se o Portugal pré 25 de Abril não era democrático, o que dizer do Portugal do pós 25 de Abril?
Que tratamento foi relegado a partidos como o PDC, o Partido do Progresso ou ao MIRN? As perseguições do Movimento Nacionalista e ao Movimento de Acção Nacional nos anos 80 terá sido democrata?
E se acham que tudo isto pertence ao passado sugiro um olhar mais atento pois estou em crer que ainda a semana passada foram detidas dezenas de pessoas cujo crime, aparentemente, é meramente político numa operação que nos parece claramente PIDEsca, a avaliarmos pelo que os livros de História nos relatam acerca dessa polícia.
No movimento sindical o panorama não é diferente, o sistema vigente ofertou os direitos dos trabalhadores a um inofensivo PCP e é praticamente impossível legalizar-se um sindicato que fuja aos parâmetros do Sistema, ainda este ano foi declarado extinto um sindicato que o ousou fazer. Isto para vos demonstrar que o Sistema governa totalitariamente sobre todas as iniciativas, tanto de direita como de esquerda, que se ergam contra ele.
Não meus senhores, Portugal sofre hoje não devido à Revolução mas exactamente pelo contrário, Portugal não teve Revolução digna desse nome. Até a descolonização “exemplar” serviu apenas aos interesses capitalistas americanos e soviéticos, foram abandonados à sua sorte cidadãos portugueses brancos e negros, muçulmanos e cristãos, não por ser do interesse pátrio mas por conveniência das grandes potências da Guerra Fria.
A Revolução foi tão ineficaz que passados 33 anos o fantasma do Dr. Oliveira Salazar ainda assombra os políticos portugueses. Não comemoremos hoje a Revolução, choremos antes a falta de Revolução em Portugal!
F.G.
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