domingo, maio 10, 2009
SANTA COMBA DÃO - Autarca critica “interpretações abusivas” do museu de Salazar
O presidente da Câmara de Santa Comba Dão criticou ontem «interpretações abusivas» sobre a criação do museu e centro de estudos do Estado Novo nas casas de Salazar, no Vimieiro, assegurando estar determinado a avançar com o projecto.
Durante um ciclo de conferências sobre “Património local, turismo e preservação”, João Lourenço - que garante não ser simpatizante do ditador - lamentou que quer o património imóvel, quer «o outro, que é a memória colectiva do povo», seja mal tratado. «Há quem diga que um povo para ter futuro tem que ter um passado e respeitar esse passado», frisou, lembrando que Santa Comba Dão «tem vindo à baila por um passado não muito longínquo e ainda muito fresco na memória de toda a gente».
A polémica mais recente ocorreu quando a autarquia integrou no programa de comemorações do 25 de Abril a inauguração das obras de requalificação do Largo Dr. Salazar. «Tem havido interpretações abusivas de algumas intenções que a Câmara Municipal tem - não só esta, já a anterior tinha - de neste sector fazer um trabalho de preservação do património», lamentou João Lourenço.
O autarca realçou que o «passado recente ao qual Santa Comba está ligado umbilicalmente (devido à naturalidade de Salazar) é também um passado que teve reflexo no mundo e as coisas devem ser vistas dessa forma».
«Não podemos dissociar a história recente de Portugal da história do resto do Mundo e é importante que cada vez mais se consigam fazer abordagens a estes assuntos de uma forma séria, sem paixões, sem abusos», disse. Na sua opinião, «o pior que pode acontecer é querer apagar aquilo que aconteceu».
Pretende-se “preservação
de um património”
«Não é nossa responsabilidade fazer juízos de valor do que correu bem e correu mal. A história, como o supremo juiz do que acontece na vida das pessoas, haverá um dia de determinar aquilo que foi bom, o que foi mau e fazer esse juízo de valor», considerou.
Defendeu que aos autarcas cabe a responsabilidade de «fazer este trabalho de preservação, de defesa do património e de direccionar o aproveitamento deste património para fins turísticos», de forma a criar melhores condições para os munícipes.
«Nós queremos chegar lá, queremos continuar a trilhar um caminho que permita que as pessoas vivam melhor. Esse é que é o nosso grande objectivo e não iremos desperdiçar as condições naturais que temos, que também têm a ver com o património», acrescentou.
João Lourenço explicou que o que pretende é «a preservação de um património, que não é só o património imóvel que existe, que será talvez o menos importante, mas o património da memória de um povo que não tem que se arrecadar numa qualquer estante perdida».
«Têm que a mostrar, que a revelar, que a aproveitar para aprender e dar lições àqueles que vêm a seguir e tirar partido sob o ponto de vista económico da notoriedade que terá um projecto destes», sublinhou.
Ainda que seja um projecto polémico, o autarca garantiu que está determinado a avançar. «Não podemos ficar reféns deste ou daquele contributo menos válido e por vezes com a tentativa de impedir que as coisas avancem e se façam», considerou.
A autarquia continua, no entanto, a aguardar da Direcção--Geral das Autarquias Locais, há cerca de dois anos, a declaração de utilidade pública relativa a dois terços dos bens imóveis que pertencem a um dos sobrinhos de Salazar.
FONTE
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário