sábado, maio 09, 2009

Tipologia politica




É comum a todos os politólogos de todas as facções, uma divergência quanto á natureza daquilo que chamamos extrema-direita.
Os politólogos comunistas não consideram que a extrema-direita seja uma descontinuidade em relação à direita. segundo eles a extrema direita não é mais que um prolongamento natural da direita, devendo por consequência classificado de direita extrema. Ela não é mais que uma radicalização da direita burguesa, que despoletou com surgimento de graves dificuldades, principalmente de ordem económica.
Quanto aos politólogos liberais, defendem que a extrema-direita é radicalmente diferente da direita, não existindo território comum entre ambas. Dai se compreender e a título de exemplo que René Rémond, tenha recusado integrar o fascismo na seu célebre estudo sobre as direitas. Para os historiadores liberais, extrema-direita e comunismo, estão metidas no mesmo cesto chamado totalitarismo.
Por aqui se vê que estas duas interpretações não podem ser verdadeiras simultaneamente. Podemos então afirmar, à primeira vista, que elas são as duas falsas ou que só uma é verdadeira.
Tendo em conta as opiniões de alguns peritos de um e outro campo, que se regem pela opinião da sua maioria, interrogo-me do porquê desta distorção.
Temos pois que o conceito de totalitarismo utilizado por estes politólogos de direita e que fez parte da receita em plena guerra-fria obedecendo a um interesse politico: metendo o fascismo e o comunismo no mesmo “cesto” totalitário, os ocidentais justificam a continuidade da guerra até 1945.
Reciprocamente, os teóricos comunistas fazem da extrema-direita ou do fascismo um simples desvio da direita, adoptando da mesma forma a táctica dos seus homólogos liberais. A ligação entre direita e extrema-direita permite também justificar uma bipolarização que no final a todos dá proveito.
Independentemente de qualquer má-fé politica que caracteriza por vezes os peritos, não podemos no entanto negligenciar a probidade intelectual de alguns dos pensadores que foram de um lado ou de outro.
E pensando bem, não se pode senão atribuir crédito às duas teorias simultaneamente e apesar da lógica o proibir. Eles tiveram que remover o obstáculo que é a abordagem inconsistente. Tudo se aclara se deixarmos de definir a existência de uma só extrema-direita mas sim de duas. Assim, se uma pressupõe a existência de uma extrema-direita, juntamente com a extrema-direita, as duas teorias são ambos consistentes.
Com efeito, a extrema-direita é assim o prolongamento da direita como o afirmam os pensadores comunistas e apesar da recusa dos principais intervenientes.
Com efeito é anti-sistema, como defendem os pensadores liberais, e, sem qualquer ligação com a direita. Isso explica o porquê da luta das SS e das SA durante a “noite das facas longas”. Explica também o porquê de um mesmo fenómeno se produzir, embora de maneira menos sangrenta na Itália. Eis porquê Drieu la Rochelle fez saber que Hitler havia perdido a guerra, e que desejara a vitória de Estaline.
Um dos erros possíveis terá sido considerar que a linha de fractura passava pela distinção entre reaccionários e revolucionários: Condreanu e Évola que eram reaccionários e não eram moderados.
Existe ainda sobre o lado direito do tabuleiro duas tendências antagónicas, a que se chamou extrema-direita e direita extrema que não só existem, mas ainda validam a análise dos dois tipos de politólogos




Alain Rebours

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