terça-feira, março 03, 2009

Miranda do Corvo exige a Madrid devolução de tesouro português


Uma instituição de Miranda do Corvo vai exigir às autoridades espanholas a devolução a Portugal do «Tesouro de Chão de Lamas», valioso conjunto de peças do século II A.C. que estão expostas no Museu Arqueológico de Madrid.

O presidente da Associação para o Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP), Jaime Ramos, disse hoje que o processo de reivindicação do achado arqueológico, que inclui jóias de ouro e prata, vai avançar por iniciativa da Universidade Sénior.


"Vamos efectuar diligências nacionais e internacionais para que Espanha devolva o tesouro a Portugal", disse, escusando-se a revelar, para já, as medidas a tomar nesse sentido, que serão anunciadas quarta-feira.

A Universidade Sénior marcou para esse dia, às 14h, no Centro Social Comunitário de Miranda do Corvo, uma conferência de imprensa para divulgar "o processo de luta para exigir o regresso a Portugal do Tesouro de Chão de Lamas" (lugar da freguesia de Lamas, concelho de Miranda do Corvo), exposto, desde 1922, na capital espanhola.

Serão explicadas pelos responsáveis da ADFP "as medidas que entende efectuar para sensibilizar as autoridades competentes e a opinião pública para unirem esforços que viabilizem o regresso a Portugal deste conjunto de peças expostas na Sala del Tesoro do Museu Arqueológico de Madrid".

Jaime Ramos assinalou que, ao longo do século XX, a existência daquele achado foi referida nos estudos de Belisário Pimenta, coronel do Exército e historiador, natural de Miranda do Corvo, e no jornal local "Mirante", em artigos do padre Luciano, que foi pároco de Lamas.

"Este tesouro, como é designado pelos arqueólogos, é composto por um conjunto de peças datadas do século II A.C., pertencente ao povo da Lusitânia, provando a existência de gente endinheirada nas terras de Miranda, sendo as jóias de ouro e prata uma boa prova da sua capacidade artística", refere um comunicado da ADFP.

No encontro com os jornalistas, os alunos da Universidade Sénior vão "declarar Portugal como legítimo proprietário" do tesouro.

"A ida do tesouro para Madrid - segundo a nota - encerra algum mistério, sabendo-se que não foi oferta ou venda do Estado Português, dando assim total legitimidade à Universidade Sénior da ADFP para exigir ao Estado Espanhol a sua devolução para Portugal".

A Universidade Sénior da ADFP, que tem 80 alunos, é uma valência do Centro de Dia e "visa criar, dinamizar e organizar regularmente actividades culturais".

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