quarta-feira, julho 22, 2009

PSP SEM MEIOS PARA VIGIAR COIMBRA


Os carros bonitos são para os supervisores fazerem policiamento de proximidade, diz fonte
da PSP, ao frisar que há falta de pessoal para o serviço de dia, quanto mais para o da noite

Sempre que as férias de Verão chegam, as queixas relacionadas com a falta de segurança e a insuficiência de policiamento em Coimbra são apontadas como factores contribuidores para os assaltos registados um pouco por toda a cidade, embora com particular incidência para a zona da Baixa, há muito tempo identificada como um dos espaços mais “visitados pelos amigos do alheio”.

Nas madrugadas de domingo e segunda-feira, a loja Jorge Mendes, na Praça do Comércio, e o café Angola, no Largo dos Ameias, junto à Estação Nova, respectivamente, foram assaltadas. Mais dois furtos na Baixa, com recurso à mesma forma de actuar. Durante a noite, os larápios lançaram uma pedra contra os vidros das lojas e já está. Com “livre acesso” ao interior, furtaram o que “estava à mão de semear” e seguiram, sem incómodos, para onde quiseram.

Durante a semana passada, outros assaltos foram concretizados na Praça do Comércio. Segundo a contabilidade dos comerciantes, além dos dois já referidos, «aconteceram, pelo menos, mais quatro assaltos». Os lojistas criticam a polícia por esta não conseguir controlar a situação, assim como ficam insatisfeitos com a resposta da Polícia de Segurança Pública (PSP). «Falei com a polícia e eles disseram-me. “Somos quatro polícias para a cidade toda, não podemos fazer nada”», contou Miguel Mendes.

“Reformou-se muita
gente e não foi reposta”
O Diário de Coimbra procurou apurar junto da Direcção Nacional e do Comando Distrital de Coimbra da PSP se a insatisfação tinha, ou não, razão de ser. Contudo, ambas as entidades solicitaram o envio de e-mail com as questões para as quais queríamos respostas. Até à hora de fecho desta edição, os esclarecimentos pedidos via e-mail não foram obtidos.

Apesar dos lesados nos assaltos serem os primeiros a mostrarem-se contra a (não) actuação das autoridades, a verdade é que os sindicatos já se manifestaram, há muito tempo, sobre os problemas que afectam a classe, nomeadamente no que diz respeito à falta de recursos humanos e materiais. Contactado pelo Diário de Coimbra, João Oliveira, dirigente nacional da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP)/PSP, “bateu” no que vai mal na polícia, concretamente em Coimbra.

«Estamos com grande dificuldade de pessoal para trabalhar durante a noite, mas, também, durante o dia. Na altura das férias, o problema é mais grave. É todos os anos a mesma coisa», avançou João Oliveira, antes de sublinhar que, «no último ano, reformou-se muita gente e não foi reposta». Confrontado com o facto de, nalgumas ocasiões, ficar apenas um agente na esquadra durante a noite, Oliveira foi peremptório: «Ter só um agente não é verdade».

“Para fazerem o expediente
não podem andar na rua”
O agente da 2.a Esquadra da PSP, que fica junto à Câmara Municipal de Coimbra, acentuou que, além da «grande falta efectiva de agentes», o Comando Distrital tem «falta de meios materiais». «O pessoal vai às ocorrências, é obrigado a parar porque tem de fazer o expediente e, durante esse tempo, não pode andar na rua a fazer o patrulhamento. Os agentes têm horários de serviço para cumprir. Hoje em dia, não há patrulhamento, porque o carro não chega para as encomendas», acrescentou.

O dirigente sindical confirmou que «chegou a haver um carro para o patrulhamento da cidade toda», mas, sublinhou, «por acaso, não houve nada a registar». Confrontado com a unicidade automóvel, João Oliveira deu conta que, «na Baixa, há dois carros quando há, e temos um carro no Comando na Elísio de Moura». Quanto aos restantes carros da PSP que os cidadãos vêem circular pela cidade, o agente da 2.a esquadra esclareceu: «Os carros bonitos são para os supervisores andarem pela cidade a fazer policiamento de proximidade e as viaturas do trânsito são só para multar».

Segundo João Oliveira, «houve, agora, uma reunião com o comandante que disse que ia tentar resolver os problemas», entre os quais o estado dos actuais carros usados no patrulhamento. «Estão em muito mau estado. Os carros estão todos velhos, não oferecem qualquer segurança e obrigam a mil e um cuidados», assumiu o dirigente sindical, antes de voltar a criticar: «Os agentes têm de andar devagar e ter cuidado para não bater, pois se tiverem a mínima culpa têm de pagar os consertos». As queixas feitas pela ASPP/ /PSP são comungadas por muitos efectivos, embora, por razões óbvias, optem por não serem citados.

Polícias dizem ser
“impossível fazer mais”
São dois casos que o Diário de Coimbra teve conhecimento, mas que permitem perceber a efectiva falta de recursos humanos no Comando Distrital de Coimbra da PSP. Há uns dias, um carro foi furtado numa rua da cidade. Os lesados deslocaram-se a uma esquadra da PSP para apresentarem queixa e eis que foram sujeitos aos desabafos do agente de serviço: «Estou aqui sozinho, sujeito a tudo, tenho mulher e filhos em casa». Situações que se repetem muitas vezes, com os agentes a deixarem claro que, face à falta de recursos, «é impossível fazer mais». Noutro caso, um acidente de trânsito levou «muito tempo» até que as autoridades chegassem ao local e quando chegaram «foi a despachar», pois tinham outra ocorrência para resolver.

FONTE

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