domingo, julho 26, 2009

Agricultores em “marcha lenta” entre Montemor e Coimbra




O primeiro encontro está marcado para Montemor-o-Velho, amanhã, no Recinto da Feira. Ali prometem concentrar-se homens e máquinas, a partir das 16h00. Uma hora depois começa a “marcha lenta” rumo a Coimbra. A “paragem” está marcada para as 20h00, em frente à delegação da Direcção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) do Centro, na Avenida Fernão de Magalhães. Homens e máquinas prometem ficar ali pela noite dentro.
Cumprida a primeira concentração, realiza-se a segunda, já na terça-feira, a partir das 10h00, em frente à delegação da DRAP, seguindo-se, pelas 12h30, nova “viagem”, desta feita rumo ao Governo Civil de Coimbra.
Esta foi a forma que uma “comissão” de Agricultores da Região de Coimbra encontrou para mostrar o seu “cartão vermelho” às políticas do Governo. Em causa está o agravamento da situação da agricultura que, sublinha uma das associação envolvidas no protesto, ««está a atravessar a pior crise dos últimos 30 anos» e «não há vontade política para alterar este estado de coisas». «O Governo, particularmente o ministro Jaime Silva, continua a dizer que está tudo bem e a falar em milhões», sublinha, adiantando que a «realidade é outra e bem diferente».
As razões para esta «crise profunda» prendem-se com a «quebra acentuada que se tem vindo a verificar nos preços, nomeadamente do leite, carne, arroz e vinho», que não se compaginam com a «carestia dos factores de produção», nomeadamente forragens, rações, fertilizantes, mas também do gasóleo e da electricidade, esclarece João Dinis, da Confederação Nacional da Agricultura, uma das várias associações que apoia a concentração/manifestação de agricultores.
Aquele responsável refere ainda «a ditadura das grandes superfícies», que «manipulam os preços», vendendo muitos vezes produtos abaixo do custo real de produção, para além de promoverem uma política massiva de importação, que atrofia o escoamento da produção nacional. Outra das razões do protesto prende-se com o Programa de Desenvolvimento Rural que, no entender dos agricultores, é ineficaz e necessita de uma «reforma urgente».
Durante os dois dias de protesto, os agricultores vão fazer ouvir a sua voz, secundados pelos vários dirigentes associativos.
Após o início das desastrosas políticas da União Europeia, estes são os sectores da nossa economia que mais se ressentiram.

Políticas como a PAC têm constituído a desgraça e o desespero dos nossos agricultores, constatando-se o abandono crescente dos campos, fomentado por Bruxelas, a redução da população activa neste sector, a carestia dos produtos agrícolas, mercado português inundado de produtos de qualidade inferior e impondo uma concorrência desleal, graças aos baixos custos que a agricultura intensiva, lesiva do ambiente e da saúde dos consumidores proporciona.

As quotas de produção constituem outro mecanismo vergonhoso, que prejudica quem trabalha e é produtivo. Há muita gente em situação de pobreza e até passando fome, mas prefere-se destruir produtos agrícolas em nome de interesses, que nada têm a ver com Portugal.
O PNR propõe-se:

· Salvaguardar o mundo rural, através da revitalização dos campos, encorajando o turismo de qualidade, as animações culturais e ajudando os jovens agricultores a conservar o gosto dos trabalhos da terra.

· Implementar uma linha de crédito bonificado para os jovens agricultores e pescadores, nomeadamente para a aquisição de equipamento, e criação de escolas profissionais para estes sectores.

· Proteger a agricultura tradicional, diversificada e biológica, defendendo as explorações de média dimensão e de dimensão familiar, cujo papel económico, social e ambiental não pode ser esquecido. Para tal, deve haver uma moratória das dívidas dos pequenos agricultores, uma redução da burocracia e um apoio aos preços dos produtos agrícolas.

· Promover uma política de etiquetagem, de modo a privilegiar a qualidade à quantidade e o consumo de produtos naturais e regionais.

· Promover o desenvolvimento das culturas susceptíveis de serem utilizadas como matérias-primas industriais, bem como aquelas que mais se adequam às condições naturais do nosso país.

· Desenvolver uma política de ordenamento do território racional e credível, que permita a exploração sustentada da silvicultura, bem como a expansão desta actividade económica.

· Proteger a fertilidade dos solos, desenvolvendo medidas de combate à erosão e à desertificação.

· Assegurar a maior independência alimentar possível, tendo em conta possíveis convulsões internacionais ou catástrofes naturais e criar nichos de produção que consigam penetrar nos mercados externos.



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