sexta-feira, dezembro 28, 2007

Paquistão: A madrinha Talibans assassinada


Publicitada pelos meios de comunicação social ocidentais como um democrata preocupada em fazer aplicar os direitos do homem, Benazir Bhutto, a ex-primeira ministra paquistanesa, encontrou a morte num atentado. O acontecimento ocorreu à Rawalpindi no subúrbio de Islamabad, por ocasião comício do Partido do Povo Paquistanês (PPP), organizado face à aproximação das eleições legislativas. Para além de senhora Bhutto, 16 outras pessoas foram mortas e 56 feridas. Antes da glorificação, como se prepara para fazer de maneira quase unânime a classe político mediática, recordam-se algumas verdades sobre esta charmosa pessoa.

Entre corrupção e branqueamento de dinheiro

Primeira-ministra de 1988 para 1990, seguidamente de 1993 para 1996, primeira mulher à cabeça de um país muçulmano de 165 milhões de almas, não deixou uma lembrança imperecível. A sua família e os principais responsáveis PPP são acusados de corrupção. Nomeadamente o seu marido, Asif Zardari, a seu tempo ministro dos investimentos externos, cognominado "Sr. 10%", devido às comissões retiradas de contratos estatais. É a pedido da República islâmica do Paquistão, em Novembro de 1997, que a justiça suíça bloqueia as contas da família Bhutto em Genebra. Benazir Bhutto e o seu marido são suspeitos terem percebido 12 milhões de dólares de subornos pagos por duas sociedades suíças, pela Sociedade geral de vigilância (SGS) e pela Cotecna, por favorecimento na atribuição de serviços públicos. Com a ajuda de um advogado suíço, Jens Schlegelmilch, o casal teria criado sociedades off-shore, nas às Ilhas Virgens e o Panamá, a fim de "camuflar a identidade dos destinatários dos fundos". No entanto a justiça suíça descobriu que Benazir Bhutto “ofereceu” a si mesma, um ordenado no valor de 117.000 libras esterlinas extraídas de uma das contas. Ora, na Suíça, camuflar a proveniência do dinheiro constitui um delito. Resultado, Benazir Bhutto e o seu marido foram condenados no ano de 2004 para "branqueamento de dinheiro".

Acusada do assassinato do seu próprio irmão

Em 1988, no exílio no estrangeiro, Murtaza Bhutto tentou insistentemente a possibilidade de a sua irmã o deixar regressar ao país. Esta recusa. Mas ao fim de alguns anos, Murtaza pôde finalmente regressar. Decide investir na política, a exemplo de seu pai. Não terá tempo par o fazer. Em 1996, é assassinado pela polícia sendo a irmã, primeira-ministra do país. Ficou a forte suspeita de o atentado ter sido encomendado pela própria família.

Quando Benazir criou os Talibans

Na República islâmica do Paquistão, o exercício do poder é impossível sem o apoio de um movimento religioso. Em 1994, Benazir não encontra nada melhor que acolher-se na Jamiat Ulema-e-lslami (JUI), que se tornou portanto no parceiro incontornável PPP. Coincidência ou não, é este mesmo JUI que está à cabeça da maior parte dos madrassas (escolas fundamentalistas islâmicas) do norte do país. Os serviços secretos paquistaneses (ISI) que têm a partir de esta época a firme intenção de controlar o Afeganistão, obtêm autorização de Benazir, para extraírem nas escolas religiosas da organização os voluntários do futuro exército político-militar dos talibans, ou seja os estudantes em teologia. A priori, todos os estes acontecimentos nunca indignaram as elites políticas europeias, que não tiveram pejo em receber senhora Bhutto. No entanto entre corrupção, assassinato, e cinismo político de consequências muito nefastas, de que Benazir Bhutto é uma referência. A opinião da sua irmã diz de resto quase tudo: "Ela é feudal." Comporta-se como um tirano. Gosta de reinar. Pensa que é o seu o direito e utiliza o povo para servir os seus interesses.

Romain Vincent

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