sexta-feira, dezembro 07, 2007
Todos Iguais, Todos Patriotas
Portugal tem hoje cerca de um milhão de habitantes de origem africana negra.
A grande maioria é já ou será a breve trecho, com a nova lei da nacionalidade, portuguesa. O País é pois multi-racial.
Em Lisboa e vale do Tejo estes cidadãos são uma parte não desprezível da população jovem, responsável portanto pela renovação geracional.
Estão cá e não vão a lugar nenhum, que este é o País em que muitos já nasceram e o único que têm.
Que muitos não se identificam com ele, que o modelo integracional, que nunca saiu do papel, falhou clamorosamente, ou que o sistema educacional apresenta gravíssimas falhas no que a estes portugueses, e não só, diz respeito são factos conhecidos.
Nenhuma espécie de luta contra a imigração resolve os factos acima mencionados. A demografia não mente e quem não quiser aceitar a realidade pode fazê-lo mas à custa de um verdadeiro autismo politico.
Os modernos Estados são quando muito comunidades de destino expressas num viver e querer comuns e não unidades pretensamente homogéneas de um ponto de vista rácico.Quem é o responsável pela desagregação social, a cor da pele dos cidadãos ou o capitalismo periférico nacional?
Quanto a nós e decididamente o segundo. Os avós destes portugueses foram importados como mão de obra para obviarem à falta de braços decorrente da guerra colonial e mesmo depois desta terminar o processo continuou a replicar-se ao longo dos anos em ondas de choque sucessivas.
O modelo que lhes foi imposto é uma clonagem do anteriormente aplicado aquando do êxodo da população rural para as cidades. Os mesmos baixos salários, o mesmo trabalho não especializado, a mesma baixa literacia, os mesmos bairros da lata ou sociais e sobretudo as mesmíssimas fracas para não dizer inexistentes, possibilidades de ascensão social para si e para os seus descendentes.
É portanto um racismo económico próprio das periferias das grandes metrópoles aquele a que se assiste hoje em Portugal. O capitalismo não pode resolver o problema porque é ele que o gera devido ao seu próprio funcionamento. Os filhos dos pobres e remediados de todas as cores e credos são educados pela mesma MTV, pelas mesmas novelas e séries, pelo mesmo “american way of life”, pela ideologia da competição selvagem, dinheiro fácil e sucesso a qualquer preço visíveis pela ostentação de objectos de consumo. E são estas e não outras as causas dos fenómenos urbanos de delinquência.
Qualquer destes jovens portugueses não tem sentido de comunidade que vá para além da malta da escola e do bairro.
Ou é encontrado um caminho alternativo que englobe todos aqueles que são portugueses, apostando em valores sãos traduzidos numa Pátria comum aonde a todos sem excepção são dadas oportunidades iguais à partida, ou então tornar-nos-emos muito em breve numa comunidade burocrática-administrativa. Ou seja seremos um arremedo de Estado, gerente de uma massa alienada e não uma Nação.
FONTE
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