domingo, dezembro 30, 2007

Socorro! Cessar-fogo!


O chefe do governo do Hamas na Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh, contactou um jornal israelita e propôs um cessar-fogo. Fim dos mísseis kassans, fim dos morteiros, fim dos homens bomba, fim das incursões militares na Faixa de Gaza, fim dos ataques a “alvos políticos” e execução de líderes. Um completo cessar-fogo. E não só na Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia. Os líderes militares israelitas ficaram furiosos.

Esqueçam os mísseis kassans. Esqueçam os morteiros. São nada, comparados com o que o Hamas detonou sobre nós, esta semana!

O chefe do governo do Hamas na Faixa de Gaza, Ismail Haniyeh, contactou com um jornal israelita e propôs um cessar-fogo. Fim dos mísseis kassans, fim dos morteiros, fim dos homens bomba, fim das incursões militares na Faixa de Gaza, fim dos ataques a “alvos políticos” e execução de líderes. Um completo cessar-fogo. E não só na Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia.
Os líderes militares israelitas ficaram furiosos. Quem ele pensa que é, este sujeito? Pensa que pode nos deter, com seus truques sujos?

Esta É a segunda vez, em poucos dias, que há um atentado contra nossos planos de guerra.

Há duas semanas, os serviços secretos dos EUA declararam, em relatório oficial, que o Irão havia suspendido, há quatro anos, todos os esforços para produzir uma bomba nuclear.
Em vez de suspirarem aliviadíssimos, os militares israelitas reagiram com fúria explícita. Desde então, todos os colunistas de jornal em Israel, e toda a gigantesca rede de jornalistas alugados, em todo o mundo, tentam desqualificar aquele relatório. É falso, não tem fundamento, é motivado por uma agenda secreta, sinistra.

Milagrosamente, o relatório sobreviveu ileso. Sem um arranhão.

O relatório, pelo que se vê, varreu da mesa de negociações qualquer possibilidade de um ataque norte-americano ou israelita contra o Irão. E, agora, aparece a iniciativa pró paz, de Haniyeh, e põe em perigo toda a estratégia do establishment militar israelita para a Faixa de Gaza.

Mobilizou-se outra vez o coro dos militares. Generais de uniforme e de pijama, correspondentes militares, correspondentes políticos, comentaristas de todos os tamanhos, géneros e cores, políticos de esquerda, políticos de direita... todos estão atacando a proposta de Haniyeh.

A mensagem é: não podemos aceitar esta proposta, de jeito nenhum! Não devemos sequer considerá-la! Ao contrário: a proposta mostra que o Hamás está fraco, quase derrotado. Portanto, é hora de intensificar a guerra contra eles, apertar ainda mais o bloqueio de Gaza, matar mais líderes – e, aliás, por que não assassinar o próprio Haniyeh? De que estamos à espera.

Uri Avnery**

**Uri Avnery é membro fundador do Gush Shalom (Bloco da Paz israelita). Quando adolescente, Avnery foi combatente no Irgun e mais tarde soldado no exército israelita. Foi três vezes deputado no Knesset (parlamento). Foi o primeiro israelita a estabelecer contacto com a liderança da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em 1974. Foi durante quarenta anos editor chefe da revista de noticias Ha'olam Haze. É autor de numerosos livros sobre a ocupação israelita da Palestina, incluindo My Friend, the Enemy (Meu amigo, o inimigo) e Two People, Two States (Dois povos, dois Estados).

3 comentários:

Artur Soares disse...

Olá Sr. Vítor,

Blog actualizado artursoares.blogspot.com

Bom ano novo

Potugal para sempre.

Abraço

Artur

Nero disse...

Se puder, vá lá ler-nos.



Cumprimentos.

Anónimo disse...

Infelizmente estas coisas já não me deixam admirado. Neste momento, se há coisa que não interessa aos planos Israelitas, é a paz.