da Efe, em Jerusalém
A Associação pelos Direitos Civis (ADC) denuncia, ao começar hoje a Semana dos Direitos Humanos em Israel, um aumento de mais de 50% dos incidentes racistas e de hostilidade da maioria judaica contra a minoria árabe.
Trata-se de um relatório anual que analisa os resultados de diversas pesquisas e enquetes, indicou a diretora dessa instituição, Rachel Benziman, que afirmou que a intensificação dessa hostilidade contra os cidadãos árabes "é muito clara, e não casual".
Mais de 50% dos israelenses se negariam a viver em um mesmo prédio com vizinhos árabes e uma porcentagem similar acredita que o Estado deveria promover a emigração desses cidadãos.
Essas pessoas ouvidas também não aceitariam visitantes árabes em seu lar nem permitiriam a seus filhos brincar com crianças árabes, segundo os diferentes pesquisas reunidas pela ADC.
Os sentimentos anti-árabes se duplicaram em geral, segundo a ADC, que não descreve o contexto político em que se produzem, como é o conflito da comunidade judaica com os palestinos dos territórios ocupados, cuja causa nacional está plenamente identificada política e emocionalmente com a comunidade árabe de Israel.
No ano passado foi registrado um aumento de 26% no número de incidentes racistas contra a comunidade árabe, cujos membros, diz o relatório, são humilhados nos controles de segurança do aeroporto internacional, pois, apesar serem cidadãos do país, são tratados como "elementos perigosos".
A minoria árabe que representa 20% da população do Estado israelense recebe tratamento semelhante em outros locais públicos por "razões de segurança".
A segurança é o argumento velado que as autoridades usam para impedir a entrada de funcionários da comunidade árabe em organismos cujas atividades são reservadas, embora este ano, pela primeira vez nos últimos anos, se incorporou ao Governo central um ministro árabe, o titular de Cultura e Esportes, Ghaleb Majadale.
A ADC acrescenta em seu relatório que mais de dois terços dos adolescentes da maioria judaica, "sob um bombardeio de estereótipos e imagens de cunho racista nos meios de comunicação", pensam que os árabes são menos inteligentes, incultos e violentos.
"Ninguém pode se surpreender com tudo isto", disse hoje o deputado árabe Mohamad Barakeh, líder do Partido Hadash.
"Estes resultados são conseqüência natural das calúnias lançadas por líderes políticos (alusão aos da direita nacionalista judaica) e à política racista exercida em relação aos árabes por consecutivos Governos israelenses", acrescentou.
A comunidade árabe --com 1.100.000 membros, mais de 90% muçulmanos e o restante de cristãos-- conta com 10 entre os 120 representantes do Parlamento (Knesset), que admitiu alguns projetos de lei que deslegitimam essa minoria perante o plenário, como no caso de condicionar seus direitos sociais a que prestem serviço nas Forças Armadas ou em benefício da comunidade.
Entre os judeus o serviço militar é obrigatório, mas não entre os árabes, eximidos sob o argumento de que poderiam ser obrigados a ter de combater seus "irmãos". Alguns vêem nesta isenção um ato de apreensão e discriminação negativa.
"A primeira obrigação de um regime democrático é respeitar as minorias e garantir-lhes a igualdade de direitos", disse à rádio pública a diretora da ADC.
O relatório não inclui pesquisas entre os árabes sobre sua percepção sobre os de origem judaica.
Os dirigentes da comunidade árabe também rejeitam os projetos de lei, não sancionados ainda, que em troca do serviço militar obrigariam seus jovens a prestar serviços civis à comunidade em hospitais e outros organismos públicos.
Outro desses projetos exigiria que os legisladores árabes jurassem fidelidade ao "Estado judeu".
Os dirigentes da minoria árabe afirmam que o Estado de Israel é um "Estado de todos seus cidadãos", e que sustentar a idéia de que Israel é o "Estado do povo judeu" é uma manifestação racista.
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