sábado, outubro 03, 2009

Ancara pede para aderir "quanto antes" - UE


O Comissário europeu para o Alargamento assegurou "não haver datas" para adesão da Turquia, depois do MNE turco ter advogado a entrada de Ancara "quanto antes".Como sabemos que basta um telefonema de Washington (uma que Barak Obama trouxe de novo para a Agenda a questão da adesão da Turquia à Europa, com a repetição da ingerência de Washington nos assuntos da União Europeia, ao defender a entrada de Ancara na UE) para que os lacaios europeus mudem de opinião,pelo tememos que a exigência de Ancara, não tarde muito em ser ouvida.
No seu livro Who Are We?, o académico de Harvard, Samuel Huntington, não deixa de apontar que a essência do “multiculturalismo é a antítese da civilização europeia” porque “ele é, basicamente, uma ideologia anti-Ocidental”. E afirma, entre o cínico e o assustado: “Estou fascinado como a Europa e os muçulmanos se confrontam lá, redefinindo a sua identidade religiosa”. Segundo ele, as forças em presença são tais que “a Europa estará profundamente dividida dentro de 25 anos”.
Perante tudo isto, começa a ganhar cada vez mais credibilidade a teoria de outro historiador norte-americano, Bernard Lewis, de Princeton, com diversas obras publicadas sobre o mundo islâmico, e que tem considerado que a Europa será islâmica no final do século XXI. Só que, nessa altura, já não será Europa, terá sido engolida pelo imenso Oriente, que tanto fascínio ingénuo provoca junto de alguns intelectuais europeus, como o comunismo provocou em todo o século XX.
Embora não alinhando nesta teoria da inevitabilidade de uma Europa islâmica, reconheço que existem já alguns indícios preocupantes dessa possibilidade.
A entrada da Turquia na União abrirá a caixa de Pandora do alargamento. Como recusar, a seguir, os 200 milhões de turcófonos do Cáucaso e da Ásia Central, ou os Estados do Magreb? A U.E. herdará todos os contenciosos geopolíticos (água, fronteiras, minorias, etc.) que a Turquia mantém com os seus vizinhos. Sem esquecer os tráficos de droga, armas e imigrantes clandestinos, dos quais é uma das maiores placas giratórias.
Dizer que a Turquia é historicamente europeia é tão verdadeiro como dizer que a França, na qualidade de potência colonial que foi, é africana. A Turquia não é mais europeia pela sua geografia (excepto Istambul e a Trácia) do que pelos seus costumes ou a sua consciência civilizacional. Os turcos definem-se como um povo asiático, cuja idade de ouro é o apogeu do Império Otomano, e se uma fraca minoria kemalista ou saída dos bairros privilegiados de Istambul se sente europeia, os habitantes dos bairros de lata de Istambul e dos campos da Anatólia reconhecem-se mais no vizinho iraquiano do que nos europeus do norte, ou mesmo nos gregos cristãos. A recente nomeação de um cidadão turco para a direcção da Organização da Conferência Islâmica (OCI, pró saudita), depois os inquietantes propósitos irredentistas de Erdogan, acusando a Grécia de «perseguir os turcos muçulmanos» da Trácia, ou ainda a política panturca de Ankara na Ásia Central e no Cáucaso, mostram bem que a Turquia permanece o país «dreaming west and moving east».
A principal razão porque alguns países, incluindo Portugal, apoiam a entrada da Turquia na União é a pressão dos EUA. Estes são todos países pró-Estados Unidos e vão fazer o jogo de Washington. Porque a mim parece-me que Portugal só vai sair prejudicado com a Turquia na União Europeia

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