terça-feira, março 18, 2008

Obama Só as moscas vão mudar


A história será feita após o fim político de Bush, deixando atrás mortes, sofrimentos, destruições, crises políticas, financeiras e económicas."

Esta frase de Soares ilustra bem a mentira que o imperialismo americano está a tentar impingir ao seu povo e a todo o mundo.
Temos assim, por um lado, Obama apresentado ao público como a Esperança e a Mudança, enquanto que a realidade é que ele é trazido e vendido pela mesma elite poderosa que escolheu Bush (é só um rótulo diferente). E por outro lado, Hillary Clinton, a candidata de ‘reserva’, só para o caso.
Escolher entre Obama e Clinton é sempre visto como positivo, um golpe brilhante de marketing já que não há nada para escolher entre os dois candidatos, pois quer seja Obama ou Clinton a ‘vencer’ a nomeação, pouco importa desde que seja um deles (quaisquer outras alternativas já foram removidas há muito).
O importante é que seja vendida à população a ideia de que eleger um ou outro destes ‘rótulos’ traz a ideia de Mudança e Esperança. Por isso, qualquer que seja o ‘vencedor’ pouco interessa, o que é importante é a ilusão de que votando num dos dois candidatos entramos numa nova Era de Mudança, mudança do domínio desastroso de Bush e do seu bando de gangsters.
Claro que mais uma vez toda esta tramóia tem a colaboração da esquerda que na ânsia de ver uma pessoa de origem africana no poder não percebe que esta colaborando num descarado embuste. Mais não vê o exemplo que lhe é dado por Condoleza Rice, que chegou um lugar pouco impensável para alguém da sua raça, somente para ser a cara difícil de criticar de toda a politica de agressão protagonizada pelos USA.
Há uma disposição vazia, estética, superficial no apoio a Obama. O senhor pode ser mestiço (porque é que um filho de uma branca e de um negro há-de ser rotulado de negro, reproduzindo-se os preconceitos racistas a este respeito, como se um meio-negro fosse sempre negro e os meio-brancos não existissem, como se as gradações que a miscigenação produz não tivessem lugar?) e pode chamar-se Barack Hussein Obama.
Eu pergunto-me se um critério puramente estético (cor da pele e nome) é suficiente para sustentar uma posição política. Creio que não. Mas também ninguém disse que o grosso da Esquerda era campeã no que à profundidade da reflexão política concerne.
Quem estiver familiarizado, com as manobras do Grupo Bilderberg sabe que colocar fantoches no poder tem sido uma pratica deste grupo, vai para muitos anos. Dois dos principais assistentes de Obama, Senador Richard Lugar que já foi apelidado de seu mentor e o Senador Joseph Biden, são figuras habituais nos painéis das reuniões do Grupo.
Nesta jogada com promessas de mudança os democratas jogaram os seus melhores trunfos, o politicamente correcto, votar numa mulher ou em alguém de raça negra. Fazendo balançar os americanos entre o feminismo e o racismo, foi uma jogada de mestre.
A popularidade de Obama assenta no conceito de mudança. Mas será esta a mudança que interessa ao povo americano e ao mundo?
Os Estados Unidos representaram sempre o exemplo mais óbvio de democracia capitalista, um sistema no qual o poder político está condicionado pelo poder económico. Isso demonstra¬ se especialmente nos momentos eleitorais quando se tornam públicas as doações aos candidatos e se comprova que, sem essas doações, ninguém pode entrar numa corrida eleitoral importante. A vários meses de Novembro, o escrutínio público tem já as listas das contribuições das grandes empresas aos candidatos e nisso não há diferenças entre republicanos e democratas. Todos recebem dinheiro das grandes corporações, dinheiro que tem isenções fiscais e que os executivos empresariais investem com a esperança do recuperar na forma de favores políticos.
Nenhuma mudança é de esperar se Obama atingir o poder, o “caldo de cultura” existente nos USA é fértil para o surgimento de novos líderes com a palavra mágica “mudança”.
Desenganem-se os homens de boa vontade, guardem a caneta e calem-se de vez os lacaios do imperialismo, não vai haver mudança nenhuma. Vamos ter mais do mesmo, agora com novas caras, os ventos de mudança nos USA nunca começaram por aqui.
O discurso populista de Hillary e Obama, só tem colado por causa do forte ressentimento de uma grande parcela dos eleitores americanos. Eles sabem que houve uma festa, que não foram convidados e que estão pagando a conta.
Se Obama fosse eleito e tenta-se cumprir as promessas que faz, o que resultaria em um estado gastador, menos encantador para as grandes corporações, teríamos uma novo assassinato, pois contra esta gente não se governa.
Mas fazendo uma analise de tudo e de todos os que apoiam Obama só posso chegar a uma conclusão, quase sempre as razões do Império convivem com políticas progressistas no âmbito doméstico. É possível que Obama baixe o tom da belicosidade estridente de Bush e tente obter mais consenso e negociação do que conflito com parceiros e inimigos. Não é provável, no entanto, que as boas intenções superem as forças que movem o Poder Americano no momento em que a América Profunda imagina estar ameaçada.

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