sexta-feira, janeiro 09, 2009
A Jordânia é a Palestina
Um belo dia e copiando os amigos americanos o governo israelita pensou que seria uma táctica astuciosa empurrar os islamitas do Hamas contra a OLP.
Graças à Mossad, "Instituto de Informações e Operações Especiais" de Israel (Serviços Secretos Israelitas), foi permitido ao Hamas reforçar a sua presença nos territórios ocupados. Entretanto, o Movimento Fatah de Libertação Nacional da Palestina de Arafat assim como outros movimentos palestinianos foram sujeitos à mais brutal forma de repressão e intimidação.
Como Israel não cumpriu os acordos de paz, nem soube negociar com a OLP, o Hamas foi crescendo enquanto organização, acabando por vencer as eleições no seu país.
Nesta altura já o Hamas tina passado de amigo a inimigo de Israel e foi preciso mudar de politica.
Então os pensadores israelitas, resolvem apoiar a armar a OLP e fomentar a guerra civil. Daqui resulta a mapa político dos nossos dias, o Hamas governa a Faixa de Gaza e a OLP o restante território.
Israel continua a não respeitar as determinações das Nações Unidas, bem como faz tábua rasa dos acordos de paz, principalmente no que diz respeito aos territórios ocupados.
Entretanto Israel transforma a Faixa de Gaza num campo de concentração, este sim verdadeiro e sujeita os habitantes à fome e à doença, segundo informam as organizações humanitárias a operar no terreno.
Colocado contra a parede o Hamas começa a lançar roquetes sobre Israel, não se registando nos últimos tempos mais que danos materiais. Nos últimos anos foram lançados sobre cerca de 3ooo engenhos de que resultaram 14 vítimas.
Israel responde aos ataques “terroristas” com um autêntico genocídio do povo da Faixa de Gaza a que não escapam mulheres e crianças nem funcionários das nações Unidas.
Para um observador menos atento, pode parecer que todos estes acontecimentos se foram desenrolando ao sabor do acaso ou do facto de violência gerar ainda mais violência.
Mas tal não é verdade porque assistimos agora aos últimos episódios de umaoperação conhecida por "Plano Dagan", de Meir Dagan, que chefia actualmente o Mossad, a organização de serviços secretos de Israel.
O general na reserva Meir Dagan foi conselheiro de segurança nacional de Sharon durante a campanha eleitoral de 2000. Segundo parece, o plano foi formulado antes da eleição de Sharon para primeiro-ministro em Fevereiro de 2001. "Segundo o artigo de Alex Fishman no Yediot Aharonot, o Plano Dagan consistia em destruir a autoridade palestina e em pôr Yaser Arafat 'fora de jogo'."
"Conforme noticiado no Foreign Report e revelado localmente por Maariv, o plano de invasão de Israel - alegadamente baptizado de Vingança Justificada, “seria desencadeado imediatamente a seguir às próximas explosões bombistas suicidas que provoquem elevadas baixas, durará cerca de um mês e provavelmente provocará a morte de centenas de israelitas e de milhares de palestinianos”.
O plano Dagan também previa a chamada "cantonização" dos territórios palestinianos, que a Margem Ocidental e Gaza ficarão completamente separadas uma da outra, com "governos" independentes em cada um dos territórios. Neste cenário, já estudado em 2001, Israel: "negociará em separado com as forças palestinianas dominantes em cada território palestiniano, com as forças responsáveis pela segurança, pelas informações, e até mesmo com o Tanzim (Fatah)". O plano é pois parecido com a ideia da "cantonização" dos territórios palestinos, adiantado por uma série de ministérios".
O Plano Dagan manteve-se em vigor, apesar das mudanças de governo na sequência das eleições de 2000. Meir Dagan foi encarregado de um papel fundamental. "Tornou-se o intermediário de Sharon em questões de segurança junto dos enviados especiais do presidente Bush, Zinni e Mitchell". Subsequentemente foi nomeado director do Mossad pelo primeiro-ministro Ariel Sharon em Agosto de 2002. Manteve-se chefe do Mossad e foi reconfirmado no seu cargo como director dos Serviços Secretos Israelitas pelo primeiro-ministro Ehud Olmert em Junho de 2008.
Meir Dagan, em coordenação com os seus homólogos americanos, tem sido o responsável pelas diversas operações militares e dos serviços secretos, incluindo o assassinato de Yaser Arafat em 2004. Vale a pena assinalar que Meir Dagan, quando era um jovem coronel, trabalhou estreitamente com o Ministro da Defesa Ariel Sharon nos ataques a colonatos palestinos em Beirute em 1982. Os ataques de 2008-2009 em Gaza, em muitos aspectos, têm uma grande semelhança com as operações militares de 1982.
É importante focar uma série de acontecimentos chave que conduziram à matança em Gaza, com a " Plano Dagan ".
1. O assassinato em Novembro de 2004 de Yaser Arafat.
Este assassinato esteve sempre em cima da mesa desde 1996, com a "Operação Campos de Espinhos". Segundo um documento de Outubro de 2000, "preparado pelos serviços de segurança, a pedido do então primeiro-ministro Ehud Barak, afirmava-se que 'Arafat, em pessoa, é uma séria ameaça para a segurança do estado de Israel e o prejuízo que resultar do seu desaparecimento é menor do que o prejuízo causado pela sua existência.
O assassinato de Arafat foi decidido em 2003 pelo ministério israelita. Foi aprovado pelos EU que vetaram uma Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas condenando a decisão de 2003 do ministério israelita. Em resposta ao crescendo dos ataques palestinianos, em Agosto de 2003, o ministro da Defesa israelita, Shaul Mofaz declarou "guerra total" aos palestinianos sobre quem disse que estavam “marcados para a morte".
Em meados de Setembro, o governo de Israel aprovou uma lei para se ver livre de Arafat, o ministério dos Assuntos de Segurança Política de Israel declarou que era "uma decisão para afastar Arafat, um obstáculo para a paz". Mofaz ameaçou: "iremos escolher o caminho certo e a altura certa para matar Arafat". O ministro palestiniano Saeb Erekat disse à CNN que pensava que Arafat seria o alvo seguinte. A CNN perguntou ao porta-voz de Sharon, Ra'anan Gissan, se o voto significava a expulsão de Arafat. Gissan esclareceu, "Não é nada disso. O ministério resolveu hoje afastar este obstáculo. A altura, o método, a forma como isso acontecerá será decidido em separado, e os serviços de segurança vão acompanhar a situação e fazer as recomendações sobre a acção apropriada).
O assassinato de Arafat fazia parte do Plano Dagan. Com toda a probabilidade, foi efectuado pelos serviços secretos israelitas. Destinava-se a destruir a Autoridade Palestina, fomentar divisões no seio do Fatah e entre o Fatah e o Hamas. Mahmoud Abbas é anticorpo alojado no governo palestiniano. Ele foi colocado como dirigente do Fatah, com a aprovação de Israel e dos EUA, os quais financiam os paramilitares e as forças de segurança da Autoridade Palestina.
2. A retirada em 2005, sob as ordens do primeiro-ministro Ariel Sharon, de todos os colonatos judaicos em Gaza.
"'É minha intenção [Sharon] levar a efeito uma evacuação – perdão, um realojamento – de colonatos que nos estão a causar problemas e de locais que não iremos manter como colonato final, tal como os colonatos de Gaza… Estou a trabalhar na presunção de que no futuro não venha a haver judeus em Gaza'", disse Sharon").
A questão dos colonatos em Gaza foi apresentado como fazendo parte da "via para a paz" de Washington. Festejado pelos palestinianos como uma "vitória", esta medida não foi dirigida contra os colonos judeus. Bem pelo contrário: Fez parte duma operação secreta geral, que consistiu em transformar Gaza num campo de concentração. Enquanto houvesse colonos judeus a viver dentro de Gaza, não era possível concretizar o objectivo de manter um grande território barricado como uma prisão. A implementação da "Operação Chumbo Fundido" exigia que "não houvesse judeus em Gaza".
3. A construção do vergonhoso Muro Apartheid foi decidida logo no início do governo de Sharon.
4. A fase seguinte foi a vitória do Hamas nas eleições de Janeiro de 2006 .
Sem Arafat, os arquitectos dos serviços secretos israelitas sabiam que o Fatah com Mahmoud Abbas iria perder as eleições. Com o Hamas à frente da Autoridade Palestiniana, e com o pretexto de que o Hamas é uma organização terrorista, Israel poderia levar a efeito o processo de cantonização conforme formulado segundo o Plano Dagan.
ATAQUE TERRESTRE
Em 3 de Janeiro, os carros de combate e a infantaria israelita entraram em Gaza numa grande ofensiva terrestre:
"A operação terrestre foi precedida por várias horas de fogo de artilharia pesada após o escurecer, incendiando os alvos com chamas que irromperam no céu da noite. Ouvia-se o matraquear das metralhadoras enquanto as brilhantes esferas relampejavam através da escuridão e o explodir de centenas de bombas projectava riscos de fogo.
Fontes israelitas apontaram para uma operação militar prolongada. "Não vai ser fácil e não vai ser rápido", disse o Ministro da Defesa Ehud Barak num comunicado na TV.
Israel não está a tentar obrigar o Hamas "a cooperar". O que estamos a observar é a implementação do "Plano Dagan" conforme inicialmente formulado em 2001, que requeria: "uma invasão do território controlado pelos palestinianos, por cerca de 30 mil soldados israelitas , com a missão claramente definida de destruir a infra-estrutura da direcção palestiniana e de confiscar o armamento actualmente na posse das diversas forças palestinianas, e de expulsar ou matar os seus dirigentes militares.
A questão mais lata é se Israel, em conivência com Washington, pretende desencadear uma guerra mais alargada.
Poderá ocorrer uma expulsão em massa em qualquer fase posterior da invasão terrestre, se os israelitas vierem a abrir as fronteiras de Gaza para permitir o êxodo da população. A expulsão foi referida por Ariel Sharon como "uma solução ao estilo de 1948". Para Sharon, "é apenas necessário encontrar outro estado para os palestinianos. – 'A Jordânia é a Palestina' – foi a frase que Sharon criou".
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