terça-feira, novembro 13, 2007

Pobre, nem Verde nem a Pensar


“Se o que nos consome fosse apenas fome, cantaria o pão”

Portugal, ano da Graça de 2007, aproxima-se mais um dia quinze. Data fatídica depois da qual muitos portugueses deixam de ter liquidez para o que quer que seja.
Há dois milhões de pobres no País, mais de 50% são trabalhadores precários, não tiram liquido mais do 400 a 500 € e não têm quaisquer direitos, nem subsídio de desemprego, nem de maternidade, nem férias, nem de doença, nada.
A nova pobreza é transversal nas idades, habilitações e profissões, novos, velhos, iletrados, licenciados sofrem este problema. O famigerado recibo verde impera, o grande patronato explora a necessidade e em troca obtêm trabalhadores sem direitos, facilmente dispensáveis, aliás são-no nas vinte e quatro horas do dia, que não são nem nunca foram trabalhadores independentes.
Pela primeira vez em Portugal uma geração de trabalhadores tem menos direitos laborais do que a sua antecessora, filhos perderam as conquistas sociais dos pais e o governo “socialista” fala em criação líquida de emprego. Finalmente prova-se a tese das dimensões paralelas, o governo vive numa juntamente com apaniguados e exploradores, todos os outros vivem noutra, paralela mas em baixo.
Aqui ao lado como se costuma afirmar, aqui perto mas tão longe de nós na realidade, há que transpor o fosso socratiano, fica a Espanha. A partir de 2009 os seus três milhões de trabalhadores independentes, nuestros afortunados hermanos, passarão a ter direito às prestações sociais, desde que descontem pelo menos mais 30€ mês para a segurança social, com um regime especial de incentivo para jovens. Cá no burgo, quem ganha neste regime de escravidão cerca de 500€ teria de pagar, se pudesse, 150€ de segurança social.
Recentemente, o governador do Banco de Portugal, Dr. Vítor Constâncio, “socialista”, afirmou que uma das causas do crédito mal-parado era a facilidade com que os bancos concediam empréstimos à habitação e consumo.
Dr. Constâncio, e em relação aos avultados empréstimos auferidos por altos quadros da instituição que V. Exa. dirige, os quais lhes foram outorgados pela mesma, foram difíceis de obter? E já agora em que enquadramento legal?
A interpretação da lei que permitiu tirar de apertos tais transacções, uma vez que segundo esta o Banco de Portugal não é uma Instituição Financeira, vulgo um banco!?, e que como tal o diploma que proíbe os empréstimos a administradores de fundos da própria instituição não se aplica, é de génio.
Por muito menos há quem mofe na cadeia, expiando preventivamente “odientas” culpas ideológicas, perigosas para o sistema. Se se tivesse limitado à violência estaria cá fora, pelo próprio enquadramento legal vigente. A hipocrisia do sistema não conhece limites, os seus ensinamentos são encantadores: Anavalhe mas não pense, estupre mas não leia, proteste em casa mas não saia à rua, prostitua crianças mas não grite o seu protesto…E sobretudo nunca demonstre que está preparado para ir até às últimas consequências para se defender a si e aos seus. Os carneiros raivosos não suportam os homens nem os lobos.

1 comentário:

Anónimo disse...

Muito Bem.