O primeiro trimestre de 2008 é a data apontada pela Liga dos Combatentes para a expedição a realizar a Guidage, no norte da Guiné, para análise, exumação e transladação dos restos mortais de dez militares mortos em combate a 23 de Maio de 1973 – três pára-quedistas, um dos quais José de Jesus Lourenço, de Fornos, Cadima, cinco soldados do exército e dois nativos. Ao contrário do que o planeado pelo grupo de cidadãos que avançou inicialmente com a intenção de resgatar os restos mortais dos militares portugueses, há cerca de um ano, as ossadas não serão encaminhadas directamente para Portugal.
Segundo a Liga dos Combatentes, instituição que entretanto chamou a si a responsabilidade pela operação, o que for encontrado no terreno será encaminhado para Bissau, capital da Guiné, e ficará sepultado “condignamente” num cemitério ou junto ao monumento ao soldado desconhecido. Ao Independente de Cantanhede, o general Camilo, da Liga dos Combatentes, explicou que a responsabilidade da transladação dos restos mortais dos militares para Portugal não pertence a esta instituição, mas sim às respectivas famílias. Serão elas que, caso estejam interessadas na transladação, devem efectuar esforços nesse sentido.
Uma semana de trabalhos“
A Liga tem apenas responsabilidade na manutenção do local de sepultura com a devida dignidade”, esclarece. O militar justifica esta postura com as reduzidas verbas da instituição, bem como a impossibilidade de efectuar as transladações de todos os militares que foram sepultados nos países onde tombaram, quer durante a I Guerra Mundial, quer durante a Guerra Colonial.
A expedição ao norte da Guiné será feita por duas equipas, uma técnica e uma militar, e terá a duração de uma semana.
A equipa técnica será composta por seis elementos, técnicos forenses, através de um protocolo de colaboração estabelecido entre a Liga, o Instituto de Medicina Legal e o Departamento de Antropologia da Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra. Saliente-se que integra a equipa uma antropóloga, irmã de um dos pára-quedistas em questão.
A equipa militar, composta por “dois ou três militares”, terá como função assegurar a segurança e todas as condições necessárias para a concretização da intervenção.
Muitas condicionantes
Refira-se que o equipamento necessário para a expedição já foi adquirido para o efeito em Março deste ano, salienta o responsável da Liga dos Combatentes.
O general Camilo ressalva, contudo, que apesar do local onde se sabe terem sido enterrados os corpos dos militares mortos em combate a 23 de Maio de 1973 (num cemitério improvisado nas imediações do então aquartelamento de Guidage, junto à fronteira com o Senegal) já ter sido identificado, não é certo que a expedição venha a encontrar os restos mortais.
Os únicos dados existentes relativos à localização das campas são as apresentadas num ‘croqui’ militar que podem não ser rigorosos, uma vez que existem “muitas versões” quanto aos procedimentos do enterro. Por outro lado, tendo o terreno em questão sido usado para cultivo, as ossadas podem já ter sido removidas.
Convém ainda salientar que, mesmo encontrando-se os restos mortais, não é certo que os resultados da perícia sejam conclusivos quanto à sua identificação.
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