sexta-feira, janeiro 04, 2008

Regras viciadas


Alguns accionistas do Banco Comercial Português (BCP) que apoiam a candidatura do ex-presidente da Caixa Geral de Depósitos Carlos Santos Ferreira têm vindo a reforçar o seu investimento em acções daquela instituição privada com crédito concedido pelo próprio banco do Estado.
O que parecia mais uma guerra PSD PS está transformar-se num caso de polícia. Por muito que o governo tente esconder a sua mãozinha os factos parecem desmenti-lo.
Uma investigação correcta e honesta de todo este caso faria certamente rolar muitas cabeças, pelo que se afigura difícil a intervenção da polícia judiciária neste particular. Mais uma vez a culpa vai morrer solteira e como diz o Ministro da Saúde daqui a um ano já ninguém se vai lembrar. Ele é que a sabe toda.
De há muito que os portugueses se habituaram a ver os agentes da vida pública (é certo que não só políticos ou empresários) todos misturados numa orgia colectiva que, cada vez mais, mostra que a moralidade e a equidistância são valores pouco relevantes para um país que está acostumado a jogar no sistema de todos a monte e fé em Deus.
Os políticos do sistema deixam de ser directores ou presidentes das empresas e passam a ser ministros, deixando de ser ministros passam de novo a directores ou chefes de empresa os vasos comunicantes são permanentes, podemos mesmo chamar-lhes vai e vem. A nível de governos e empresários a promiscuidade é tanta que até parece normal, eles confundem-se, eles fundem-se uns nos outros.
A impunidade resulta do somatório do nível social, acesso a meios de defesa e influência. Em suma, quem se move na alta esfera escuda-se nos pactos do silêncio, nos offshores, nos segredos bancário e fiscal e num mundo protegido e estanque.
Dir-se-ia que, mais uma vez, não basta ser sério. Também é preciso parecê-lo. Mas, infelizmente, alguns dos nossos políticos, bem como muitos empresários, nem são sérios nem parecem sê-lo.
E quando, o que é raro, aparece um político ou um empresário a dizer que a estrada da beira não é o mesmo que a beira da estrada, logo surgem os arautos da desgraça a dizer que o Carmo e a Trindade vão cair.
E para que não caíam sugerem que tudo fique na mesma. Ou seja, políticos que são empresários, empresários que são políticos. Tudo para que, afinal, o país continue a cantar e a rir... embora de barriga vazia.

1 comentário:

Nuno Adão disse...

Pois é amigo Vitor, isto não parece ter emenda.
Quem sabe se a aplicação do código do rei Hamurábi, não poria esta gente na linha...

Mas amigo, ainda estamos vivos, e enquanto estivermos vivos, quem sabe, se a revolução não será efectiva!

Cumprimentos