quarta-feira, janeiro 16, 2008
Contra a co-incineração, a favor da saúde
O epidemiologista Massano Cardoso defendeu esta quarta-feira que a preocupação com a saúde das populações vizinhas das cimenteiras, onde está prevista a queima de resíduos perigosos, tem de ser efectiva e independente de decisões judiciais favoráveis à co-incineração.
«Há comprovadamente um défice de saúde nessas comunidades. Uma coisa é a decisão jurídica ou política, outra a questão dos princípios de defesa da saúde pública» disse à agência Lusa Salvador Massano Cardoso.
Co-Incineração autorizada na Arrábida
O também provedor do Ambiente do município de Coimbra e um dos rostos da contestação à co-incineração na cimenteira de Souselas considerou ainda que uma decisão jurídica como a tomada pelo Supremo Tribunal Administrativo - que deu luz verde à co-incineração na cimenteira da Secil, na Arrábida - «não significa que as pessoas deixem de se preocupar».
«Podemos é perguntar por que é que o Estado nunca tomou medidas para proteger a vida das pessoas [que residem junto às cimenteiras]. E como estamos num país de laxismo é provável que a questão morra».
A esse propósito Massano Cardoso recordou o estudo epidemiológico realizado em 2005 pela Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) que concluiu que a população de Souselas apresenta uma «prevalência padronizada das doenças respiratórias» duas vezes superior à média da região Centro (12,9 contra 5,8 por cento).
Segundo os dados do estudo, divulgado no início de 2006, os habitantes daquela freguesia apresentam uma percentagem quase três vezes superiores à média da região no que respeita a bronquite crónica ou doenças pulmonares crónicas obstrutivas.
A decisão do STA relativamente à queima de resíduos perigosos na cimenteira da Arrábida, esta quarta-feira conhecida, contrariou as decisões tomadas por tribunais de instância inferior, a exemplo do já sucedido no caso de Souselas, alvo de decisão similar em Novembro de 2006.
FONTE
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2 comentários:
Na minha opinião a co-incineração é o método mais vantajoso de eliminação de resíduos tóxicos, visto que se torna menos dispendioso e mais eficaz. Este método, não produz novos resíduos perigosos e destrói com grande eficiência as moléculas orgânicas. Um bom exemplo disto, são as cimenteiras que, para aquecer os fornos, utilizam como forma de energia os resíduos tóxicos, que são altamente calóricos. Com a co-incineração quase todos os resíduos são eliminados, não produz novos resíduos perigosos e o custo da sua instalação é mais baixo, uma vez que recorre a infra-estruturas já existentes.
Mas este é um tema bastante conflituoso, que coloca em pontos opostos autarquias, governo e instituições ambientais. No caso da Secil de Setúbal, por exemplo, as Câmaras de Setúbal, Palmela e Sesimbra, apesar de concordarem com o processo da co-incineração, discordam com o local onde ele é realizado, uma vez que este tipo de processo retira alguma qualidade de vida aos seus habitantes, apesar do nível baixo de exposição aos agentes químicos. Este ponto de vista é também comum aos ambientalistas, que discordam igualmente da sua proximidade com as povoações. No meu ponto de vista, autarquias e ambientalistas estão correctos, pois o ideal seria que estas fábricas fossem deslocadas para longe das localidades e que, desta forma, não prejudicassem os seus habitantes. Bom seria se estas instituições se conseguissem entender e se, em conjunto, conseguissem encontrar soluções para o bem de todos. Como tal tem sido difícil, é melhor que a co-incineração exista e que nos ajude, a todos, a ter uma qualidade de vida um pouco melhor.
Considero, também que a co-incineração traz mais benefícios ao país, que desta forma evita a exportação destes resíduos, o que implica um gasto de cerca de 50 milhões de euros por ano.
Já ouviu falar de pirólise? Esse é que é o único método seguro para queimar resíduos tóxicos. Sabia que 805 do que é co-incinerado podia ser reciclado?
Não vá na conversa do governo, porque desse lado existe muita desinformação.
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