terça-feira, janeiro 01, 2008

O regionalismo como factor essencial da identidade



“O amor para com a nossa nacionalidade própria deve servir para compreendermos o que os outros sentem pelas suas. O regionalismo deve contribuir para evitar os confrontos que fomentaram, no passado, os nacionalismos exacerbados das diversas nações europeias.” – Jorge Mota, Despedida y Cierre

Certamente terá surpreendido que Resistir Online tenha vindo a publicar, nos meses mais recentes, artigos de opinião oriundos da imprensa da Região Autónoma da Madeira, principalmente os artigos de opinião do Dr. Alberto João Jardim. Ora bem, tudo isto tem uma razão de ser que, por descuido, não apontamos aos nossos leitores habituais: o combate pela identidade assenta, essencialmente, na defesa das culturas locais, pois é nestas, isoladas nos campos e nas ilhas isoladas da nossa estimada Pátria, que o povo ainda se mantém 100% português, alheio aos americanismos e ocidentalismos que se encontram em todas as esquinas de qualquer cidade litoral portuguesa, por norma as cidades mais habitadas: quanto maior for a população de uma cidade, menor o apego à terra e à identidade.

Pois bem, em Portugal o único instinto de identidade regionalista existente que consegue ser do conhecimento geral de todos os portugueses é o personalizado no Dr. Alberto João Jardim, curiosamente também o ÚNICO político português que denunciou a influência do Clube Bilderberg na política das nações modernas, coisa que teria arruinado a carreira política que qualquer político do continente.

O combate pelas identidades regionais, e por vezes até um certo apoio aos separatismos europeus mais conhecidos (Irlanda, Galiza, Países Baixos, Córsega, Padania, etc.) é um combate há muito travado pelo nacionalismo-revolucionário, combate esse que, após a proibição da Unité Radicale, tem sido relegado na França, em grande parte, para o movimento supremacista europeu que dá pelo nome de “identitário”.
A verdade é que em Portugal o nacionalismo (revolucionário ou não, mais à esquerda ou mais à direita) nunca conviveu muito bem com os regionalismos, em Portugal vigora ainda um nacionalismo chauvinista de “união nacional” que prefere ignorar as diferenças existentes, por vezes até mais profundas do que aparentam ser, nas suas diversas regiões.
Acreditamos que, por razões mais que óbvias, as regiões autónomas dos Açores e da Madeira são as que maior instinto identitário possuem, as razoes óbvias é o facto de se tratarem de regiões portuguesas que se encontram naturalmente isoladas pela sua condição geográfica.
Essa posição geográfica originou que, por força mais da necessidade que do aproveitamento económico, fossem criadas regionalmente tudo aquilo que no Portugal continental julgamos existir em qualquer ponto do país: quantos dos nossos leitores estão conscientes de que nos Açores e na Madeira existem marcas próprias de vinho, cerveja, refrigerantes vários, queijos, tabacos, licores, enchidos, produtos agrícolas que só são consumidos nesses locais (o inhame açoriano, por exemplo). Ou seja, estas regiões há décadas, quiçá séculos, aprenderam a funcionar autonomamente e a criar localmente o que consomem, exemplo máximo do desejo de autonomia de qualquer povo actualmente, que tem vindo a ser implementado pela República Islâmica do Irão e pela República Bolivariana da Venezuela, e que em Portugal era também política do Estado Novo: há que conseguir produzir o que se consome, é uma máxima da independência nacional.
Em Portugal, creio que a título extraordinário mas não único, sucede também que, ao contrário do que ocorre já aqui ao lado em Espanha, os regionalistas, “nacionalistas pela Madeira e patriotas por Portugal”, nas palavras do Dr. Alberto João Jardim, embora desejem um reconhecimento da sua autonomia e a implantação de um regionalismo (que só será possível numa mudança radical de regime, uma vez que com o regime actual só serviria para criar ainda mais despesismos e tachos) não desejam deixar de ser portugueses.
Os espanhóis do Círculo Espanhol de Amigos da Europa (CEDADE) foram o movimento nacionalista espanhol que mais implantou a política do regionalismo na sua doutrina: nas regiões, nos seus campos e nas suas aldeias remotas, nas montanhas ou junto ao mar, aí reside a nação real, aí sobrevive o que sobra do nosso povo, aí se preservam as nossas tradições, gastronomias e cultura nacional. O regionalismo é uma parte integrante da identidade nacional e uma salvaguarda dessa mesma identidade.
É por essa razão que defendo que a Resistir Online, em 2008, deverá aumentar a presença de textos retirados da imprensa regional. A TIR sente o combate a nível local e regional como sendo mais importante que o activismo urbano, embora não o descure, como se pode verificar pelo activismo da sua célula de Coimbra, o nosso obrigado aos camaradas de Coimbra pelo exemplo que incutem em todos nós.

Flávio Gonçalves

6 comentários:

C disse...

Bom Ano!

O regionalismo de uma Nação, ou de um Estado-Nação serve para dividir e por conseguinte desmantelá-lo, pois é a estratégia da União Europeia a de dividir para reinar.
O "regionalismo" de um Estado que comporta várias nações, é por si denominada por nacionalismo, tendo em vista o governo próprio da Nação, constituindo o Estado-Nação.
Regionalizar Portugal é por isso traição à Pátria.

Saudações,

Anónimo disse...

Não sei exactamente o que responder, uma vez que a posição de "nacionalista estatal" do Vitório, bem como a sua escola de "nacionalismo imperial" (creio ser natural de Macau, correcto?), mas chamar o regionalismo de traição à Pátria é certamente um exagero.

Os Açores e a Madeira são regiões autónomas e não deixaram de ser portuguesas e nem se fala em separatismo nas regiões, salvo quando se tenta provocar o governo central, regionalismo não equivale a separatismo, isso sim poderá ser considerada uma traição à Pátria.

De resto, eu não igualo a Nação ao Estado, são coisas diferentes.

C disse...

Autonomia dos Açores e da Madeira devem-se à descontinuidade continental, são ilhas.
Volto a reiterar que interessa à UE dividir para reinar, quebrar o conceito de Estado-Nação enfraquecendo-o, pela regionalização. Reflicta um pouco sff.

Um Bom Ano de 2008

C disse...

p.s.- O processo federalista é mesmo esse, constrói-se a partir da criação de regiões (novas regiões administrativas) e sub-regiões, tornando o próprio Estado-Nação numa região da entidade supra-estatal. Veja-se os anúncios "Portugal, Europe West Coast".

Será isso admissível? Claro que não. Tenho muitas dúvidas de afinal quantos dos que gritam contra os federastas, não serão eles próprios também federastas.

Portugal é um território tão mínimo em dimensão que nunca se fez sentido "regionalizá-lo". Há o poder municipal, e central e chega muito bem para os gastos. Não queremos mais parasitas burocratas. A verdade é que a Democracia não vive sem eles.

Anónimo disse...

quem quer comprar carne de 1ª qualidade é favor de me contactar...vendemos carne fresca do sudoeste asiático.Carne tenra e fresca ( ainda menores)de primeira mão, sem doenças contaminadas, algumas ainda usa fraldas....vitório é prova de qualidade. também tenho bom vinho, da terra do meu avô, loucor beirão acompanhado com o chouriço português do meu avô...ainda tenho pra vender os meus tomates, ainda virgens e frescas...acompanha de suco bem doce...pois confeço que tenho diabetes, ainda vendo em saldos bananão bem grande de de marca tiu monte, acreditam que nunca virão banana tão grande e rígida, também acompanhada de suco que é especialidade da casa...não esqueçam que também tenho chourição (dos grandes)à venda e tão boa qualidade que até se vibram...fazemos entregas ao domicílio...para terminar apresento-vos o meu chouricao de burro, directamente do meu quintal sempre de melhor qualidade, e garanto-vos quevao ficar mais espertos depois de comer chouricao de burro

saudações

Jol disse...

Venha dai o regionalismo, já! Pior do que isto não existe!