domingo, fevereiro 24, 2008

Ninguém é ilegal


A TIR publica hoje na sua página um artigo de opinião de José Mário Branco, claro que as comadres do costume já se devem ter juntado no terreiro a esconjurar, mais esta tomada de posição “antifa”. Dava-lhes jeito mas vão ter de esperar sentados.
É importante que se diga que este artigo como muitos outros, tem por função informar, proporcionar a discussão mas acima de tudo mostrar as contradições da esquerda.
O JMB vem neste artigo dar razão ao que muitos nacionalistas dizem já há muito tempo, a imigração é uma arma do capital, ela interessa sobretudo aos empresários corruptos, engrossa a oferta da mão-de-obra o que faz baixar os salários. Também registamos com agrado que o articulista chegue a conclusão que a imigração é pior que a escravatura, sem duvida a imigração é a escravatura do nosso tempo.
Claro que não posso concordar com o determinismo tão querido do marxista JMB, nada nos permite concluir que a imigração é inevitável. Sem duvida ela não se combate com repressão mas sim com o controle de fronteiras e sobretudo com novas politicas em relação aos países do terceiro mundo. Se os imigrantes procuram emprego então temos de o criar nos países de origem.
Mas o cantor de Abril espalha-se ao comprido quando fala numa nova aliança saída dos compêndios do marxismo, a aliança trabalhadores imigrantes. A sua origem burguesa não lhe permite conhecer nem identificar o cerne da questão. Enquanto a oferta de trabalho for superior à procura o capital dorme descansado e pouco liga ao folclore politico dos sindicatos e da esquerda e mesmo que fosse possível essa união, o capital iniciaria uma nova onda de imigração esmagando a luta dos trabalhadores e criando uma legião de desempregados e desenraizados que fariam aumentar a miséria o crime a degradação.
Mas fica registada o facto de lhe ter fugido a boca para a verdade, pena é que partindo de premissas certas chegue a conclusões erradas.
José Mário Branco faz parte daquele grupo de gente que abomino. Não gosto de desertores. Não gosto dos meninos ricos que fugiram para França enquanto os filhos dos trabalhadores faziam a guerra. Faz parte dos novos militantes de esquerda falam muito em trabalhadores mas os únicos calos que têm na mão, são os da andar agarrados ao copo de Whisky ou a alguma falta de atenção da manicura.

1 comentário:

Flávio Gonçalves disse...

Excelente análise, nota-se que ele tem um cuidado esmesurado em tentar não parecer "xenófobo" nem "racista" mas acaba por dar razão ao que os nacionalistas afirmam, apesar de recorrer ao SOS Racismo como bengala de apoio e etc.

Cito duas partes:

"existe imigração - legal ou ilegal - porque os patrões precisam de mão de obra imigrante."

"O tratamento dado pelo Estado e pelos patrões aos imigrantes destina-se a precarizar os trabalhadores locais, fazendo-os aceitar perdas de direitos e baixos salários."

Apenas uma nota curiosoa, a revista comunista "Política Operária" que ao início apoiava o jornal "Mudar de Vida" retirou por completo esse apoio no seu número 111 atacando os responsáveis do jornal de serem "anti-comunistas".

Eu acho interessante notar que nos últimos 4 a 6 meses surgiram meia dúzia de movimentos de esquerda portugueses (no Porto e em Lisboa) que se afirmam como sendo "anti-comunistas" e "anti-marxistas", são todos constituidos por gente muito jovem, sinal que a crise começa a criar anticorpos e estes, como sempre, preferem situar-se à esquerda.

Curioso é que estes movimentos não defendem nada que os NR (e a TIR) não defendam desde sempre, ainda têm é que ultrapassar alguns dogmas do século XX.