sexta-feira, fevereiro 22, 2008

SE A CO-INCINERAÇÃO FOSSE BOA FAZIAM-NA EM LISBOA


Se a co-incineração fosse boa faziam-na em Lisboa, esta frase está escrita numa parede em Souselas e é basilar no que respeita ao assunto. Se o governo estivesse certo daquilo que defende não hesitaria em fazer a queima em Alhandra. No entanto foge dessa medida politica como o diabo da cruz. O atrevimento teria custos políticos muito maiores, uma coisa é enfrentar meia dúzia de eleitores, outra é meter-se com o poderoso eleitorado lisboeta.
Os efeitos nefastos da co-incineração vão fazer-se sentir em primeiro lugar em Souselas e no Outão, como os votos de Souselas são muito poucos para alterar alguma coisa e no Outão e por enquanto as pedras ainda não votam, o governo só teve coragem de jogar a cartada nestes sítios.
No entanto é preciso reafirmar que pouco a pouco a contaminação do ar dos solos e do cimento vai começar a fazer-se sentir. Em primeiro lugar nas populações vizinhas como é caso de Coimbra, depois em tudo o que comemos proveniente de campos de cultivo próximos e em ultima analise os nos cimentos utilizados na construção, que contaminados não deixaram infelizmente de prejudicar a saúde dos moradores e muito mais a saúde de quem os vai manusear. Cabe também aos sindicatos do sector um papel activo nesta luta em nome da segurança e higiene no trabalho.
As empresas cimenteiras agem em todo este processo como vencedoras, certas da cobertura e apoio do governo. Assim iniciam a queima em Souselas sem passar cavaco à Junta e à Câmara, violam até uma postura municipal que proíbe a passagem de resíduos perigosos pelas artérias da autarquia, mais devassam um cemitério sem a devida autorização, sabe-se lá para quê, como revelou hoje o Presidente da Junta de Souselas. Será que não estão cientes daquilo que defendem e precisam de “incomodar” os mortos para os seus “estudos de monitorização”, ou pretendiam esconder alguma coisa?
Importa também trazer a lume as palavras do responsável do Partido “socialista” no distrito, que vergonhosamente classifica a luta que travamos como folclore político. Ele gostaria certamente que os que estão nesta luta vissem a co-incineração por um canudo ou por um parque. Vale certamente mais estar ao lado do povo que do capital pelo que continuaremos nesta dança, enquanto outros ficam parados por clientelismo político ou por oportunismo. Esperemos que o povo aprenda a lição e comece só a dançar com quem o merece.
Encontraremos certamente formas de contestar a co-incineração, nas ruas nos tribunais o governo e as cimenteiras vão ter-nos à perna.

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