domingo, fevereiro 03, 2008

KAMOV


Um dos helicópteros pesados comprados pelo Estado que começou ontem a operar vai deixar de fazer a esmagadora maioria dos serviços de emergência médica que prestava durante a noite.
Esta limitação não é a única dos Kamov. Os seis helicópteros pesados comprados pelo Estado terão dificuldades em fazer a primeira intervenção, uma das principais apostas introduzidas por este Governo no combate aos incêndios florestais. Isto porque o balde colocado no aparelho que transporta 4500 litros de água, pesa quase 280 quilos e, por isso, demora cerca de 15 minutos (segundo a EMA) a ser montado no teatro de operações. Além disso há que contabilizar os 15 minutos que o helicóptero demora a descolar com a tripulação e a brigada composta por nove bombeiros. Mas ainda falta contar o tempo da viagem. Somando tudo, quer dizer que os bombeiros e o aparelho podem estar no teatro de operações cerca de 40 a 50 minutos depois de dado o primeiro alerta, um tempo exagerado para o designado "ataque inicial".
Em termos gerais, o concurso publico é um procedimento administrativo obrigatório realizado pelas entidades públicas que antecede a compra ou contratação de serviços de empresas privadas ou mesmo de pessoas físicas, a fim de proporcionar à administração pública a apreciação da proposta mais vantajosa e dar hipóteses a todos de oferecerem seus produtos ou serviços ao Estado em igualdade de concorrência.
Não obstante a lei tenha muitos dispositivos para que o processo ocorra de forma transparente, respeitando a livre concorrência, seja o mais célere possível e propicie a redução de gastos aos órgãos públicos na contratação de serviços necessários e na aquisição de mercadorias, o estado comete sucessivos erros. Pela obscuridade com que são feitas essas licitações e o difícil acesso de todos os cidadãos à prestação de contas do governo entre outros órgãos, o processo de aquisição tornou-se em algo onde a incompetência grassa e não raras vezes raia ou parece raiar a corrupção, por onde mais escorre o património do erário, desviando o dinheiro público que seria empregado objectivando o bem da população em geral para o interesse privado.
Tolstoi escreveu que a vida era uma tartine de merde que somos obrigados a comer lentamente.
Faltou dizer que nos trazem a conta enquanto ainda estamos comendo. E que cobram a mais.

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