quarta-feira, fevereiro 27, 2008
Mudar de vida e mudar de sistema
Os partidos do sistema na oposição tem criticado e com razão as politicas do PS (Partido do Sócrates). No entanto é preciso desmontar a hipocrisia porque eles de uma maneira ou de outra também são responsáveis pelo estado da economia da saúde da justiça etc. Nós sabemos que caso qualquer um deles alcance o poder nada de substancial vai mudar, podem fazer algumas obras de beneficiação, o mais certo é só darem uma pintura exterior, mas o essencial do edifício do sistema vai manter-se.
Não interessa a esse sistema político o protagonismo dos cidadãos, o empreendedorismo colectivo e a experimentação inovadora de soluções alternativas que podem, ainda que em pequena escala, resolver problemas a partir da mobilização de recursos endógenos, porque isso poderá acabar dispensando os despachantes de recursos públicos em que se transformaram os velhos agentes políticos executivos e legislativos.
Por outro lado, o velho sistema político não tem protecção eficaz contra os principais factores, tradicionalmente considerados, que ameaçam a nossa existência e bem estar: a guerra o terrorismo e o imperialismo (no plano externo) e o crime e a corrupção política (no plano interno). (Dever-se-ia acrescentar aqui mais um factor que constitui hoje uma, talvez a principal ameaça real, não à democracia formal, mas ao processo substantivo de democratização da sociedade: o banditismo de Estado, geralmente praticado por quadrilhas que logram se instalar na chefia de governos pelo voto e que passam a parasitar a democracia, pervertendo a política e degenerando as instituições.)
A preocupação principal do actor político tradicional não é a de fazer conexões com outros actores para incluí-los na comunidade política e sim a de obstruir caminhos para impedir que outras pessoas possam ter acesso ao seu âmbito de participação (e aplica-se perfeitamente a ele o dito de Paul Valéry, segundo o qual “a política é a arte de impedir as pessoas de participarem de assuntos que propriamente lhes dizem respeito”).
Na verdade, o país já sentiu que deste sistema nada virá de importante. E que deste sistema partidário já nada há a esperar quanto a impulso reformador de um sistema político profundamente caduco e ultrapassado, que cada dia que passa cava mais fundo o fosso do alheamento do país em relação às suas instituições.
E como o país precisa de um novo projecto. Quase sem se darem conta no dia-a-dia, os portugueses apenas são chamados hoje a participar nas eleições de quem manda menos e não riscam absolutamente nada na escolha de quem manda mais.
Nalguns sectores da sociedade os ventos de mudança começam a soprar, mas é preciso transforma-los num grande ciclone que mude profundamente o sistema, pela democracia pelo socialismo e pela pátria.
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